quinta-feira, 3 de julho de 2008

Ética Cristã

Livro: Ética Cristã - Norman Gleisler - Vida Nova.


1) Faça um breve comentário expositivo - analítico sobre abordagens e alternativas éticas quanto ao ato de mentir, concluindo positiva ou negativamente sobre o ato.


A mentira é impessoal e desamorosa, mas quando alguém pode ganhar um valor pessoal sobrepujante ao suspender a prática da verdade, neste caso é moralmente justificável e pessoal fazê-lo.

2) Determine porque o hierarquismo valoriza atos pessoais hierarquicamente ordenados.

O hierarquismo sustenta uma ordem hierárquica das normas éticas, , baseado na escala relativa de valores que representam. É como uma pirâmide de valores obrigatórios sobre os homens. Quando dois ou mais valores entram em conflito, a pessoa está isenta da sua obrigação quanto a norma inferior, tendo em vista a obrigação preferencial da norma superior.

No hierarquismo a pessoa não é culpada por quebrar uma norma inferior, mas tem isenção dela, tendo em vista o dever de seguir uma norma superior. A premissa comum no hieraquismo é que as coisas estão ordenadas numa escala do bem, com variações entre o menos bom e o máximo bem.

Entre estas normas, podemos destacar : As pessoas são mais valiosas que as coisas; A pessoa infinita é mais valiosa que a pessoa finita; Uma pessoa completa é mais valiosa do que uma pessoa incompleta ( apenas nos casos de conflitos irresolvíveis); Uma pessoa real tem mais valor do que uma pessoa em potencial; As pessoas em potencial são mais valiosas do que as coisas reais;Muitas pessoas são mais valiosas do que poucas pessoas e por fim Atos pessoais que promovem a personalidade são melhores do que os que não a promovem. Sendo este última norma, o objeto da questão em pauta, podemos assim detalhar:

Há muitos atos realizados por pessoas com respeito a outras, mas não são todos de igual valor. Alguns atos são impessoais, outros por outro lado são antipessoais, e dos demais atos pessoais, alguns promovem os relacionamentos interpessoais melhor do que os outros. Os superiores devem ser preferidos aos inferiores. Assim sendo atos pessoais sobrepujam atos impessoais, e atos mais altamente pessoais são melhores do que atos menos pessoais.

No caso de conflito deve se optar pelos atos que contribuem para relacionamento pessoais melhores. Se a pessoa está presa em um dilema moral em que deve escolher um número igual de pessoas que devem morrer ou viver, a decisão deve ser baseada em quais pessoas promoverão os melhores relacionamentos interpessoais se viver. Como exemplo um general pode ser salvo, e um soldado sacrificado. Isto deve ser aplicado apenas quando há conflito inevitável de normas éticas.


3) Analise e conclua o que se pode dizer no âmbito da Ética Cristã sobre o cristão e o amor próprio.

De um lado os homens são condenados por serem amantes de si mesmo; do outro lado, há um sentido em que devem amar a si mesmos. De um lado, alegadamente não há bem algum nos homens; do outro lado, são portadores da imagem de Deus. Os homens são ordenados tanto a odiar a si mesmos quanto a amar a si mesmos; são conclamados a negar a si mesmos por causa do mal, e a afirmar seu próprio bem como criaturas de Deus .

A natureza do homem caído é má e corrompida, mas não está além da redenção. Até mesmo na sua condição pecaminosa o homem tem valor como criatura de Deus que pode tornar-se um filho de Deus mediante a redenção. A imagem de Deus não está perdida no homem caído. Há valor no não-redimido porque não está além da possibilidade da redenção. E, portanto, há um sentimento que este valor deve ser amado ou respeitado.

A doutrina da depravação total às vezes é entendida erroneamente. Não deve ser entendida num sentido metafísico. Ou seja : Os homens caídos não estão totalmente privados de todo o bem na sua natureza, porque se isso fosse verdade, não teria natureza alguma.

Os homens devem odiar as tendências egoístas em si mesmo, mas devem amar a si mesmos. Ou seja : O amor impróprio a si mesmo não deve impedir o amor correto e a si mesmo. Amar a si mesmo como sendo ulterior ( como Deus) é impróprio; Amar a si mesmo como a criatura é apropriado e bom. Este amor-próprio legítimo está claramente subentendido no mandado da Escritura: "Ama teu próximo como a ti mesmo".

4) O poder da ganância e a injustiça, foram combatidos não somente pelos profetas do A.T,, como também por Jesus Cristo e Apóstolos da Igreja. Analise à Luz da realidade a responsabilidade social do cristão dentro e fora da Igreja.

Que o homem é responsável por seu próximo é claramente ensinado na Escritura. O que aparentemente não é obvio a alguns cristãos é que esta responsabilidade se estende às responsabilidades sociais bem como às espirituais. Um levantamento das Escrituras apoiará a posição de que o dever do cristão para amar inclui dimensões sociais bem como espirituais do amor.

Quanto a responsabilidade do cristão para com outras pessoas, não é meramente proteger vidas inocentes, mas sim fazer o bem positivo em prol dos outros.

Quanto a responsabilidade para com a pessoa total, o que os cristãos as vezes não percebem , é o fato de que o amor que deve ser dado às outras pessoas, deve se estender a totalidade da pessoa, é necessário atender as necessidades sociais, bem como as espirituais. Se o cristão não atender as necessidades básicas e sociais dos indivíduos, não pode esperar que ele aceite a mensagem espiritual.

Dentre as responsabilidade sociais específicas do cristão, estão : - A responsabilidade social pelos seus; provendo para si mesmo ( uma das coisas mais importantes que cada homem capaz pode fazer em prol dos outros, é ganhar sua própria vida. Porque se cada homem se tornar independente, haverá menos homens dependentes dos outros.); provendo para sua família ( A pessoa deve prover para os seus próprios, a não ser que seja incapaz de cuidar de si mesma. Se alguém deixar de prover para seus parentes indigentes, fracassou na sua responsabilidade cristã básica.); Provendo para seus irmãos crentes ( A responsabilidade social do cristão, quanto ao amor além de sua família, começa com a família de Deus).; - A responsabilidade social para com todos os homens; pelos pobres ( A bíblia ensina que é moralmente errado explorar os pobres, e moralmente certo ajudar os pobres. Quer sua necessidade seja alimento, roupas, ou abrigo, o crente é moralmente obrigado a ajudar a satisfazê-la.; As viúvas e aos órfãos ( O conceito bíblico de visitar as viúvas, significava muito mais do que passar por ali, significava ajudar a aliviar sua aflição. A obrigação dos cristãos para com as viúvas e órfãos, se aplica a outras pessoas necessitadas tais como as pessoas deficientes, as desabrigadas e as indefesas.); pelos escravos e oprimidos ( os cristãos devem defender os oprimidos e os escravizados); soberanos e governantes (neste caso o dever é triplice, os cristãos devem obedece-los, honrá-los e pagar impostos).; promover a paz e a moralidade (o cristão deve fazer tudo quanto puder para ser um embaixador da paz na terra)

5) Problemas tipicamente de nosso tempo: Aborto, sexo sem compromisso, controle de natalidade e eutanásia. Diante destes fatos e a luz das Escrituras, descreva um quadro comportamental do verdadeiro cristão.

Aborto

O aborto não é nem o assassinato de uma pessoa humana, nem uma mera operação ou ejeção de um apêndice do corpo femenino. É uma responsabilidade séria tirar a vida de um ser humano em potencial. As únicas circunstâncias moralmente justificáveis para o aborto são aquelas em que há um princípio moral superior que possa ser cumpridos.

Dentre estes princípios morais superiores, podemos destacar o aborto por razões terapêuticas, o aborto por razões eugênicas( quando a vida será sub-humana), o aborto na concepção sem consentimento ( uma pessoa potencialmente humana não recebe um direito de nascimento mediante a violação de uma pessoa plenamente humana), o aborto na concepcão mediante o incesto.

O aborto será injustificável, quando depois da viabilidade (feto viável sem uma justificação ética superior), por causa da criança não ser desejada, por simples controle da natalidade, por causa de deformação prevista. Deus valoriza os indivíduos. Os indivíduos foram criados a imagem e semelhança de Deus, remover indivíduos imperfeitos para melhorar a raça é segundo a escritura, dificilmente justificável.

Sexo Sem Compromisso

Basicamente a Bíblia diz tres coisas acerca do sexo : O sexo é bom, o sexo é poderoso, e o sexo precisa ser controlado.

A fidelidade sexual está baseada no relacionamento altamente pessoal, sem igual, e permanente, que as relações sexuais estabelecem entre duas pessoas do sexo oposto. Deus fez o sexo como algo bom, e deu o bom canal através do qual deve ser exercido que é o comprometimento vitalício chamado casamento. Somente o relacionamento monógamo exemplifica perfeitamente este relacionamento sem igual. Nenhum homem pode ter dois relacionamentos conjugais do tipo sem igual ao mesmo tempo. A poligamia, portanto, é eliminada do moralmente normativo. Somente se houver algum dever superior, transcendente, é que a pessoa pode ser moralmente isenta do seu relacionamento monógamo.

De modo semelhante o compromisso conjugal é vitalício. O casamento não somente é um relacionamento único como também é permanente. O que Deus ajuntou, o homem não deve separar. Isto não quer dizer que Deus juntou todos aqueles que se juntaram a si mesmos. Depois, também, há casos em que o dever inferior á esposa é transcendido por um dever superior a vida humana. Em tais ocasiões, as relações sexuais fora do casamento podem possivelmente ser moralmente justificadas. A obrigação superior, no entanto, não quebra a inferior, meramente a suspende temporariamente. Não há exceções à regra da fidelidade sexual; há apenas algumas isenções tendo em vista valore superiores. A fidelidade sexual é um alto valor moral, mas a vida humana e o dever direto a Deus são ainda mais altos. O Cristão deve paraticar o máximo bem possível.

Controle de Natalidade

É errado que todos empreguem o controle de natalidade o tempo todo, porém nem sempre é errado, para todos os homens usarem métodos de controle de natalidade. Em alguns casos não ter filho pode ser a coisa mais altruísta a se fazer.

O controle de natalidade é errado, quando fora do casamento, para a atividade sexual ilícita, quando há a recusa da propagação da raça, quando sua existência é ameaçada, quando não ter filhos, não está aumentando a população em direção ao máximo possível, quando há a recusa em se ter filhos, somente para não assumir a responsabilidade sobre eles.

O controle de natalidade é certo, quando há razões psicológicas, econômicas, ou educacionais, que indiquem um tempo futuro melhor para a família, quando o objetivo é limitar a família em uma quantidade na qual haja capacidade dos pais para criá-la, quando o evitar ter filhos está relacionado a problemas de saúde ( física ou mental), quando há um propósito moral superior.

Uma ética cristã do controle de natalidade é edificada sobre o valor intrínseco das pessoas. A obrigação básica é multiplicar as pessoas. Logo qualquer planejamento de antemão, que possa colocar as pessoas numa situação em que possam desenvolver melhor sua personalidade é preferivel. Além disso muitas pessoas são melhores do que poucas. Logo deve-se fazer o possível para melhorar ao máximo a personalidade, mas não para propagar pessoas em demasia. O controle da natalidade pode ser um meio útil de ajudar a seguir o valor ético mais altonestes casos.

Eutanásia

Uma distinção que deve ser feita é que há uma diferença entre tirar a vida e deixar a pessoa morrer. O primeiro ato pode ser errado, já o segundo não precisa ser errado.

Esperar uma cura, sem qualquer certeza que ela virá, eqnuanto se adia um ato de misericórdia, não parece ser moralmente justificável. O dever moral é duplo: perpetuar o humano, e proibir o desumano.

Tirar uma vida é uma questão muito mais séria do que deixar uma pessoa morrer naturalmente. Já tirar uma vida pré-humana ou sub-humana é menos sério do que tirar uma vida plenamente humana.

Em nome da misericórdia para as massas, haveria justificativa para matar um franco atirador, que está fuzilando cidadãos inocentes. Uma guerra justa é a eutanásia numa escala maior.

Onde houver vida humana, ali há esperança para aquela vida. É uma questão muito mais séria tirar uma vida humana, do que deixar partir uma vida sub-humana. Mas há muitos meios, excluindo a morte, para aliviar o sofrimento, e deve-se usar todos os métodos, menos tirar a vida para aliviar o sofrimento.

O desejo do cristão pela morte, pode levá-lo a enfrentar a morte sem temor, mas nunca deve levá-lo a descuidadosamente tirar sua própria vida.

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