quinta-feira, 3 de julho de 2008

História do Pensamento Cristão II

História do Pensamento Cristão II

Livro: Pensamento Cristão. Volume II - Da Reforma à Modernidade

Autor: Toni Lane . Abba

Perguntas:

1) Leia e faça um resumo de todos os concílios e Catecismos: um a um.

Catecismo de Heidelberg (1563)

Em 1559, o Palatinado, um dos estados alemães, adquiriu um novo governante, o eleitor Frederico III. Ele desejava o avançar da fé reformada ali. Para este fim, encomendou um catecismo, para uso nas igrejas e escolas. Este foi escrito em 1562 por vários teólogos da universidade de heidelberg. Principalmente Zacarias Ursinus e Kaspar Olevianus, ambos ainda em seus vinte e poucos anos. No ano seguinte foi aprovado pelo Sínodo de Heidelberg e publicado. Naquele mesmo ano foi também traduzido para o Latim e outras línguas. É um dos mais populares catecismos da reforma e tem sido largamente distribuído. Sobre ele diz-se que combina o conhecimento profundo de Lutero, a benevolência de Melancton e o fogo de Calvino.

Concílio de Trento (1545-63)

De 1539 a 1541 houve vários colôquios na Alemanha nos quais os principais teólogos protestantes e católicos romanos procuravam alcançar um entendimento. Do lado Católico Romano estes envolviam alguns dos principais humanistas católicos - discípulos de Erasmo que eram simpáticos à doutrina protestante da justificação pela fé, mas não desejavam ver a divisão da igreja Ocidental. O próprio Cardeal Contarini, que desempenhou um importante papel no colóquio de regensburg tinha tido uma experiência de conversão que em muitos sentidos igualava a de Lutero. Mas ao passo que um acordo foi alcançado em Regensburgo sobre a justificação pela fé, quando veio a transubstanciação e a autoridade papal não houve espaço para solução conciliatória.

Finalmente em 1542, após o fracasso de Regensburg, foi convocado o concílio de Trento. A escolha da jurisdição foi sutil - dentro dos territórios do Império Alemão, porém perto o bastante de Roma para assegurar o controle do papa sobre o concílio.

O concílio de Trento reuniu-se em três fases: 1545-47, a551-52, 1562-63. Ele é o décimo-nono dos concílios gerais ou ecumênicos reconhecidos pela Igreja católica Romana. Mas ao mesmo tempo que é chamado ecumênico ou universal, mais de dois-terços dos bispos eram italianos. Assim o concílio não era representativo nem mesmo no mundo católico romano e certamente não estava livre do controle do papa.

O Catecismo da Igreja Católica (1994)

Em 1985 um sínodo de bispos reuniu-se em Roma para o vigésimo aniversário do encerramento do concílio. Eles expressaram o desejo de um novo catecismo, no qual vários cardeais e bispos trabalharam de 1986 a 1992. Este foi publicado em 1994. Ele foi o primeiro catecismo para toda a Igreja Católica Romana desde aquele de Pio V mais de 400 anos antes. Seu propósito é apresentar a tradição católica romana a luz do Vaticano II.

O catecismo segue o padrão quádruplo tradicional. A primeira parte compreende ä profissão de fé"e, em particular, o credo dos apóstolos. A segunda parte compreende "a celebração do mistério cristão" e, em particular, os sete sacramentos. A terceira parte compreende a "vida em Cristo" e, especialmente, os Dez Mandamentos como a expressão de dois maiores mandamentos de amar a Deus e ao próximo . A parte final é composta pela "oração Cristã" e, em particular, a oração do Senhor.


Primeiro Concílio Vaticano (1869-70)

Em 1868 o Papa Pio IX convocou o primeiro Concílio Vaticano, que se reuniu de 1869 a 1870.

O concílio se reuniu numa época em que os estados papais, a área central da Itália tradicionalmente governada pelo papa, estavam ameaçados pelo novo estado italiano. Eles estavam sendo defendidos por um exército francês. Mas a deflagração da guerra entre a frança e a prússia em 1870 forçou o exército francês a se retirar. O exército italiano tomou Roma e o papa suspendeu o concílio indefinidamente. Durante os oito meses de sua atividade o concílio produziu duas constituições dogmáticas. A primeira., a fé católica, abrangia Deus como criador, revelação, fé e relação da fé com a razão. Muito mais importante foi a segunda. A igreja de Cristo, que definiu a infabilidade papal.

Segundo Concílio Vaticano ( 1962-65)

Em 1961 o Papa João Paulo convocou o Segundo Concílio Vaticano. O concílio reuniu-se de 1962 a 1965. João XXIII havia tirado a tampa da panela. Quando os bispos se reuniram descobriram para sua surpresa que os progressistas estavam em maioria. O concílio trouxe a abertura profundas mudanças em atitudes que haviam sido realizadas sob a superfície desde o Primeiro Concílio Vaticano. Os documentos extensos do Vaticano II sopraram um espírito muito diferente daquele do concílio anterior. Eles eram mais pastorais do que dogmáticos ; o tom é mais conciliatório do que confrontativo. Em relação aos outros cristãos, às outras religiões e ao mundo moderno . A perseguição religiosa, que desempenha um papel tão importante na história da igreja Católica Romana, é rejeitada e há uma disposição de reconhecer que a igreja tem cometido erros. Os dois documentos mais importantes são as constituições dogmáticas sobre a Igreja e a revelação de Deus.

Concílio Mundial de Igrejas

O concílio Mundial de Igrejas foi formalmente constituído em 1948 em Amsterdã por delegados de 147 igrejas de 44 países. Ele originou-se de três movimentos anteriores , o estímulo para o qual veio de uma Conferência Missionária Mundial realizada em Edimburgo em 1910.

Ambas conferências de Vida e Trabalho e Fé e Ordem de 1937 aprovaram a formação de um concílio mundial de igrejas e uma conferência em Utrecht em 1938 esboçou sua constituição. Mas a guerra retardou o seu lançamento formal por mais dez anos. Exceto a Igreja Católica Romana e algumas Igrejas Evangélicas, todas as igrejas significativas cristãs agora pertencem ao Concílio Mundial de Igrejas. Desde 1961 a Igreja Católica Romana tem enviado observadores oficiais às assembléias gerais.

Além do trabalho na sede em Genebra. O concílio Mundial de Igrejas tem realizado conferências mundiais de Fé e Ordem, Missão Mundial e Evangelismo e outros temas semelhantes. Mas seus principais eventos são as assembléias gerais das quais sete têm acontecido até esta data.

2) Fale de os representantes da Reforma e Modernidade.

a) Zwinglio

Huldrich Zwingli

(1484 - 1531)

Reformador suíço nascido em Wildhaus, cantão de Sankt Gallen, Suíça, contemporâneo de Martinho Lutero, que pregava uma reforma da Igreja de tipo mais liberal e racionalista e cujas doutrinas influenciaram os calvinistas. Estudou nas universidades de Viena e Basiléia, e ordenou-se padre (1506) e ocupou a paróquia de Glarus, onde conheceu as idéias de Erasmo. Transferiu-se em para Einsiedeln (1516) e foi nomeado pregador do colegiado de Zurique (1518), quando passou a criticar a corrupção eclesiástica. Após se casar secretamente com Anna Reinhard (1522), entregou-se a obra da Reforma, partindo do princípio de que só a Bíblia continha a doutrina necessária para a salvação. Em De vera et falsa religione commentarius (1525), negou o caráter sacrificial da missa, a salvação pelas obras, a intercessão dos santos, a obrigatoriedade dos votos monásticos, a existência do purgatório. Afirmou o caráter simbólico da eucaristia, divergindo de Lutero, que tomava de firma literal as palavras de Cristo este é o meu corpo. Organizou uma Aliança Cívica Cristã, iniciando-se a luta armada. Acompanhando as tropas como capelão, morreu em batalha, perto de Kappel

Zwingli nasceu a 1 de Janeiro de "1484", tendo falecido em Kappel am Albis em 10 de Outubro de 1531. Nasceu numa família rica da classe média, foi o terceiro de 8 filhos. Seu pai Ulrich era o magistrado chefe da cidade e o seu tio Bartolomeu o vigário.

Zwingli foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças. Independentemente de "Martinho Lutero", que era doctor biblicus, Zwingli chegou a conclusões semelhantes pelo estudo das escrituras do ponto de vista de um erudito humanista.

A reforma de Zwingli foi apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique e levou a mudanças significantes na vida civil e em assuntos de estado em Zurique. A Reforma Protestante propagou-se desde Zurique a 5 outros cantões da Suíça, enquanto que os restantes 5 ficaram firmemente do lado da fé católica-romana.

Zwingli organizou sessões de disputação teológica, nas quais os argumentos dele e de outros protestantes eram confrontados com os argumentos da Igreja católica oficial. Normalmente, os seus argumentos eram mais convincentes e estas sessões acabavam por ser um fortalecimento da reforma. Em Janeiro de 1523, foi organizada uma disputa em Zurique, com a presença de 600 pessoas, que assistiram a uma confrontação entre Zwingli e os enviados do Bispo de Constança. Ao contrário do modelo medieval (disputatio), esta forma de disputação tem lugar em local público e não numa sessão fechada ao público, algures numa universidade.´Tem lugar em alemão e não em latim. Em 1528, uma sessão semelhante teve lugar em Berna.

Zwingli foi morto em Kappel am Albis numa batalha contra os Cantões Católicos.


b) Calvino

João Calvino nasceu em 10 de Julho de 1509, falecendo em 27 de Maio de 1564. Fundou o Calvinismo, uma forma de Protestantismo cristão, durante a Reforma Protestante. Ele nasceu em Noyon Picardia França, com o nome de Jean Cauvin. A transposição do nome "Cauvin" para o Latim deu a origem ao nome "Calvin" pelo qual ele é conhecido., quando Calvino tinha 8 anos de idade. Calvino é para a língua francesa aquilo que Lutero foi para a língua alemã, nomeadamente uma figura quase paternal. Lutero era dotado de uma retórica mais directa, por vezes grosseira, enquanto que Calvino tinha um estilo de pensamento mais refinado e geométrico, quase de filigrana. Como Bernard Cottret, biógrafo (francês) de Calvino o coloca: "Quando se observa estes dois homens podia-se dizer que cada um deles se insere já num imaginário nacional: Lutero o defensor das liberdades germânicas, o qual se dirige com palavras arrojadas aos senhores feudais da nação alemã;. Nunca foi ordenado padre. Após se ter tornado protestante, este intelectual começa a ser visto gradualmente como a voz do movimento protestante, orando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre".

Richard, que foi serralheiro e se instalou em Paris, Jacques, igualmente serralheiro e, finalmente, Girard Cauvin, pai de João Calvino, que foi aquele que talvez mais se tenha destacado dos três, tendo feito carreira em Nyon como funcionário administrativo.

Foi inicialmente simples secretário da chancelaria. Seria depois advogado representante do bispado de Nyon. Foi depois funcionário relacionado com a cobrança de impostos e finalmente o promotor (representante) do bispado, antes de entrar em conflito com o bispado. Faleceu em 1531 após uma disputa com o bispado, pela qual foi excomungado. Seria mesmo difícil conseguir a autorização para o seu enterro.

A mãe de Calvino, Jeanne Le Franc era o seu nome de solteira, era filha de um dono de uma hospedaria em Jeanne faleceu, quando João Calvino tinha apenas 6 anos de idade. Girard e Jeanne tiveram quatro filhos: Charles, o mais velho, foi padre. Faleceu 1536. João Calvino. Antoine - Iria mais tarde viver em Genebra, junto do irmão. François - Morreu ainda em tenra idade. Haveria ainda duas irmãs, que nasceram do segundo casamento de Girard. Uma chamou-se Maria e iria também viver em Genebra. Da outra irmã sabe-se pouco. com 12 anos, João Calvino ganharia o direito a uma "benefice", um determinado rendimento anual concedido a elementos e familiares da hierarquia da igreja, como era costume. Uma determinada quantia anual de cereais pagos por uma comunidade de La Gésine.

Em 1529, pouco antes de atingir os vinte anos de idade, a vida de Calvino sofre uma viragem súbita. Tendo vindo inicialmente para Paris com o intuito de estudar Teologia e com uma renda anual concedida pela igreja, Calvino recebe a notícia de que o pai tem outros planos para si. Ele não deverá estudar Teologia mas sim Direito. O pai de Calvino (ele próprio um advogado do bispado) acha que a "ciência das leis torna normalmente ricos aqueles que se debatem com ela" (palavras de Calvino, referindo-se às instruções do pai). Cumpriu a vontade do pai e estudou Direito, mas nunca deixou de preferir a teologia. Como Calvino diz: "Se Deus me deu forças para que eu cumprisse a vontade de meu pai, determinou ele pela providência oculta que eu tomasse finalmente um outro caminho" (o da Teologia). Inicialmente Calvino preparava-se para ser padre, enveredaria pelo estudo do direito, mas Deus trouxe-o de novo ao caminho da Teologia.

Calvino vai estudar Direito em Orléans. O biógrafo francês de Calvino, Bernard Cottret, escreve: "Direito e leis: Calvino o teólogo é no fim também Calvino, o jurista. O seu pensamento fica marcado pela austeridade, a adstringência e a geometria da lei, pelo seu fascínio ou aspiração a ela. No início do século XVI assiste-se no Direito a uma verdadeira revolução. A retórica de Cícero toma a primazia sobre a filosofia medieval, que se sustenta nos seus silogismos. Com a interpretação de textos jurídicos, Calvino toma contacto pela primeira vez com a Filologia humanista". O humanismo e o renascimento são pois os movimentos culturais que o vão influenciar primeiramente.

Em Orléans, Calvino foi influenciado pelo seu professor Pierre de l'Estoile. Em 1529, Calvino dirige-se também a Bourges para assistir a aulas do famoso professor de direito italiano Andrea Alciati. Também em Bourges assiste a aulas do alemão Gräzist Wolmar, que o entusiasmou pela literatura grega da antiguidade. Calvino é um humanista.

Em 1529, Louis de Berquin é queimado vivo em Paris, numa altura em que o rei François I estava ausente da cidade. Em 1531, Calvino toma partido pelo seu professor Pierre de l'Estoile num texto que explora a disputa entre este e Andrea Alciati, talvez por lealdade e nacionalismo. Uma prova de que o Calvino de 1531 ainda não é um reformador. Calvino escreve um prefácio a um livro de um amigo, defendendo o seu professor. Calvino é neste momento um humanista, certamente, mas não ainda um reformador. Neste mesmo ano morre o pai, Gerard Cauvin. Calvino vai depois a Bourges e a Orléans e regressa então a Paris, onde se instala em Chaillot.

Em 1532, ele era doutorado em direito em Orléans. O seu primeiro trabalho publicado foi um comentário sobre o texto do filósofo romano Séneca "De Clementia". Calvino cobre os custos da publicação do livro do próprio bolso. Tornara-se um famoso humanista aos 23 anos, seguindo os passos de Erasmo de Roterdão, que também escreveu sobre Séneca nestes anos. Em "De Clementia" não há da parte de Calvino uma alusão explicitamente religiosa. É antes uma obra que reflecte o estoicismo de Séneca e a pre-destinação no sentido estoico. Séneca escrevera o texto como forma de apelar a Nero à moderação e à razão.

Até 1532 não há, como se viu, qualquer indício de que Calvino tenha aderido à nova fé, nos seus diferentes focos e graus que surgem pela Europa, sendo o Luteranismo um movimento mais moderado e o os anabaptistas uma força mais radical. A conversão de Calvino ao protestantismo permanece envolta em mistério. Sabe-se apenas que ela se deu entre 1532 e 1533 (Calvino tem 23 ou 24 anos). Um texto escrito por Calvino em 1557 como prefácio ao seu comentário sobre os psalmos oferece-nos alguns (poucos) pormenores: "Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Estupefacto fiquei, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo, eu que ainda estava apenas no início. Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas pelo contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte, contrariando o meu carácter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E na verdade deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado.

Note-se que a França e Alemanha não existiam no sentido de hoje mas sim em termos de zonas de língua francófona ou alemã. Entretanto, o papa Clemente VII faz pressão para que o rei François da França reprima os protestantes franceses. Em bulas de 30 de Agosto de 1533 e de 10 de Novembro do mesmo ano, o papa exorta à "aniquilação da heresia Luterana e de outras seitas que ganham influência neste reino". Os dois encontram-se este ano em Marselha, onde discutem entre outras coisas a "guerra contra os turcos lá fora e a repressão das heresias cá dentro".

Não foi até hoje esclarecido completamente aquilo que se passou. Mas encontrou-se em Genebra um fragmento do discurso de Nicolas Cop, escrito pela mão de Calvino. O documento original completo encontra-se em Estrasburgo. Foi levantada a tese de que Calvino poderá ter pelo menos participado na elaboração do discurso. Calvino permanece em Angoulême até Abril de 1534, altura em que se dirige a Nérac, onde se encontra comLefèvre d'Étaples. Regressa depois a Noyon, onde em Maio de 1534 renuncia às suas "benefices" (rendimento anual concedido a membros do clero e familiares). Volta então a Paris e a Orléans.

Em 1534, Calvino escreve o seu segundo livro, e o primeiro sobre temas religiosos. Chama-se "Psychopannychia" e é relativamente pouco conhecido, em comparação com as outras obras de Calvino. Calvino faz uma crítica severa aos anabaptistas, que acusa de serem uma seita tresmalhada. O livro coloca questões teológicas, mais do que oferecer respostas. Calvino, nos seus 24 anos de idade, está em processo de busca. Defende a imortalidade da alma. O título completo era: "Psychopannychia - tratado pelo qual se prova que as almas permanecem vigilantes e vivas uma vez que tenham deixado os corpos, o que contraria o erro de alguns ignorantes que sustentam que elas dormem até ao último momento". Um ataque aos anabaptistas. Apesar de escrito em 1534, o livro seria apenas publicado em 1542.

Em 18 de Outubro de a história do protestantismo francês vive um dos seus momentos centrais. Em vários locais são afixados cartazes de 37 por 25 cms que criticam a celebração da missa tal como ela é feita oficialmente pela Igreja católica. A repetição cerimonial da morte de cristo, simbólica, no altar, é criticada nestes cartazes. O sacrifício foi feito. Porque é que se apoderam os padres deste ritual simbólico ? Alude-se à carta aos hebreus. Uma crítica aberta à forma como é celebrada a missa nas igrejas, que os protestantes vêem como uma forma de blasfémia, uma vez que a morte de Cristo não se deixa repetir. Esta acção de propaganda foi o resultado da acção de Antoine Marcourt, Pastor de Neuchâtel, também ele um natural da Picardia. A situação tornou-se crítica. A reacção seria brutal.

Protestantes franceses seriam encarcerados e assassinados. Em Janeiro de 1535, o rei François I organiza uma procissão macabra pelas ruas de Paris. A procissão para em 6 locais distintos, em cada uma das paragens há um pódio onde o rei, os embaixadores e dignos membros do "parlement" se instalam para assistir à morte pela fogueira de 6 "heréticos" envolvidos no caso dos cartazes do ano anterior. Em Janeiro de 1535, Calvino dirige-se a (ou foge para ?) Basileia, cidade onde vive até Março de 1536. Uma cidade conhecida por ter sido o lar de Erasmo de Roterdão e do reformador Johannes Oekolampad, falecido em 1531, sendo o seu seguidor Oswald Mykonius.

A tradução da bíblia de Olivétan

Em 1535 é publicada a primeira bíblia escrita por um protestante, em francês. Tratava-se de uma tradução directa do Hebraico (o antigo testamento) e do Grego (o novo testamento) e não da bíblia como ela tinha sido traduzida destas línguas para o Latim. Algo totalmente natural num século do humanismo e de Erasmo de Roterdão. O autor é Olivétan, aliás Pierre Robert (1506-1538), primo de João Calvino e proveniente também de Noyon. Foi publicada em por Pierre de Vingle. Apesar de Pierre Robert ter demonstrado um bom conhecimento de Hebraico e Grego, o seu estilo de escrita (em francês) terá sido visto como não muito fluído e de fácil compreensão. O texto seria revisto (com a colaboração de Calvino) e publicado novamente em 1546.

O Édito de Coucy

Em 16 de Julho de 1535, o rei François I faz publicar o Édito de Coucy. Uma medida de contemporização para com os protestantes, que corresponde também a uma nova guerra de François I contra Carlos V (Guerra de 1535-1538). François necessita do apoio de protestantes alemães para esta guerra e não convém necessariamente perseguir os "Luteranos" em França. É prometido que se deixará os protestantes em paz desde que vivam como bons cristão e renunciem à sua fé. Mas em Dezembro de 1538 o Édito de Coucy é suspenso e as perseguições aos protestantes retomam a sua intensidade anterior.

Institutio religionis Christianae

Em Março de 1536 é publicada em Basileia a primeira edição de "Institutio religionis Christianae. No prefácio menciona a sua estadia em Basileia, "enquanto na França são queimados na fogueira crentes e pessoas santas". Fala de santos mártires. Dirige-se no livro ao Rei François I, que procura convencer das boas intenções da reforma. Ao mesmo tempo, a sua teologia começa a adquirir contornos mais marcados e mais autónomos do Luteranismo. Uma tendência que se fortalecerá no futuro. Critica a vida dos mosteiros, que compara a bordéis. Calvin pretende não só a reforma da Igreja mas de todos os indivíduos. O institutio é "a organização da sociedade daqueles que acreditam em Jesus Cristo".

Em Março de 1536, Calvino viaja até Ferrara na companhia de Louis Du Tillet. Calvino esperava um acolhimento aberto às ideias protestantes na sua estadia em Ferrara. Enganava-se. Teria de interromper a visita logo em Abril. Foi então até Paris. Mas Calvino não tem futuro em França. Numa carta ao amigo Nicolas Duchemin, compara a sua sitação com a dos judeus no Egipto. A França era o seu Egipto. Queixa-se na mesma carta dos rituais da missa, que considera uma idolatria. Calvin sai definitivmente da França em 1536, procurando terras politicamente independentes da França e de espíritos mais abertos para a reforma. Dirigiu-se para cidades dos territórios que hoje constituem a Suíça.

A reforma em Genebra

Genebra é nesta altura já uma cidade de espíritos progressivos e abertos para a reforma protestante. Politicamente, a cidade está desde 1500 orientada para a Savóia. Na prática, no entanto, Genebra é quase uma cidade-estado, uma república. Há um conflito entre os chamados mamelucos, que são conservadores e orientados pela Savóia e os "confederados" (alemão: Eidgenossen; francês: Eidguenot) de onde possivelmente se formará a palavra Huguenotes (francês:huguenot). Estes últimos opõem-se à Savoia. Em 1524, Karl III, Duque de Savóia, tinha ocupado militarmente Genebra. Porém, em 1526, Genebra decide-se pela união com Berna e Freiburg, iniciando-se no caminho helvético. A reforma protestante não terá tido um papel determinante neste processo, segundo Cottret. Mas a partir daqui começam a reunir-se em Genebra elementos da Reforma. Em 1533 há a primeira missa protestante de que há conhecimento nesta cidade. São então cunhadas moedas com a inscrição: "Post tenebras lux" (após a escuridão, a luz).

1536 marca uma viragem na cidade de Genebra. Neste ano, a reforma torna-se preponderante na cidade. Os cléricos da igreja católica são intimados a deixar de celebrar a missa como o faziam, com o cerimonial papista e seus abusos (idolatria, aos olhos dos protestantes) e a juntarem-se aos protestantes. Num novo fôlego de zelo religioso, as raparigas são obrigadas a usar o véu cobrindo os seus cabelos. Já desde 1532 que se registravam ataques e destruições de imagens religiosas, estátuas, figuras, etc. A adoração destas figuras era vista pelos protestantes como idolatria. Há um episódio carismático deste fenómeno: Num destes ataques à "idolatria papista", uma multidão apodera-se de umas 50 hóstias do padre e dão-nas a comer a cão. Se as hóstias pertencem mesmo ao corpo de Deus, não se irão deixar comer por um cão!". Em Junho de 1536, são abolidos em Genebra, por decisão de um conselho, todos os feriados, excepto os domingos. Todas estas transformações deram-se sem a influência de Calvino, antes mesmo de Calvino chegar a Genebra.

Chegada de Calvino a Genebra

1536 é também o ano da chegada de Calvino a Genebra. Calvino tem 26 anos. Após a estadia em Ferrara, na Primavera de 1536, Calvino tinha estado em Paris, aproveitando-se de um período de relativa calma na perseguição aos protestantes. Tratou de assuntos pessoais e da família. Em junho faz em Paris uma procuração em nome do seu irmão. Em Julho de 1536, João Calvino pretende dirigir-se a Estrasburgo. Inicia a viagem, juntamente com o irmão Antoine e a irmã Marie. Em vez de tomar o caminho mais curto, Calvino faz um desvio pelo sul, evitando a área onde a guerra entre as forças de François I e Carlos V são uma ameaça. Por coincidência, Calvino chega a Genebra, onde permaneceu, apesar de ter inicialmente pretendido continuar viagem, o que o reformador Guillaume Farel (na altura de 47 anos de idade) o desaconselhou de fazer. O caminho para Estrasburgo encontrava-se inseguro por causa da guerra. A Genebra que Calvino encontra vive ainda a agitação dos conflitos entre Mamelucos e Confederados.

João Calvino já tinha viajado até Estrasburgo durante as guerras otomanas, e passado através dos cantões da Suíça. Quando da sua estadia em Genebra, Guillaume Farel pediu a Calvino ajuda na sua causa pela igreja. Calvino escreveu sobre o pedido de Farel "senti como se Deus no céu tivesse colocado a sua poderosa mão sobre mim para barrar-me o caminho"". 18 meses depois, as mudanças de Calvino e Farel levariam à expulsão de ambos.

A disputa teológica de Lausanne

Entre 1 e 8 de Outubro de 1536, tem lugar na Catedral de Notre-Dame em Lausanne uma disputa teológica entre protestantes e católicos, na qual Calvino e Farel vão participar. Este tipo de conferências de disputa tem por modelo os debates que Ulrich Zwingli tinha organizado em Zurique (1523) e Berna (1528). Do lado católico encontra-se Pierre Caroli, que iria acusar, em Berna, Calvino e Farel de heresia. Calvino é também acusado de arianismo.

A saída atribulada de Genebra

A 16 de Janeiro de 1537, as autoridades da cidade de Genebra aprovam o documento escrito pelo líder protestante Farell, que se destina a servir de confissão de fé e orientação para todos os habitantes de Genebra. Calvino faz também algumas sugestões, parte das quais são rejeitadas. Cerca de vinte artigos dispõem entre outras coisas que os idolatras, querulantes, assassinos, ladrões, bêbados (entre outros) sejam futuramente excomungados. As lojas devem fechar ao domingo, assim que soem os sinos da missa. Estas disposições, apesar de aceites pelas autoridades vão criar atritos a Farell e Calvino. O estigma da excomunhão é extremamente discriminador e destruidor de relações sociais no século 16.

Em Março, os líderes anabaptistas de origem holandesa Hermann de Gerbihan e Benoît d'Anglen são expulsos de Genebra, juntamente com os seus seguidores. Em Abril de 1537, por sugestão de Calvino, é constituido um "syndic" (síndico) que tem por objectivo ir de casa em casa e inquirir sobre a confissão dos moradores. A acção é contestada. Alguns moradores recusam-se a pronunciar-se sobre a sua fé.

Em junho de 1537 as autoridades de Genebra decidem que o Domingo é o único dia feriado. Futuramente nenhum outro feriado será considerado. 30 de Outubro é o prazo para todos os moradores de Genebra se pronunciarem quanto à sua religião. Aqueles que não reconhecem os decretos de Farell são obrigados a deixar a cidade em 12 de Novembro. Após esta data, a situação complica-se para Farell e Calvino. Particularmente provocante é o facto de um estrangeiro (francês) como Calvino, decida sobre a excomunhão e expulsão de habitantes naturais de Genebra. As autoridades são mais críticas para com os líderes protestantes.

A 3 de Fevereiro de 1538 são eleitos para as autoridades da cidade de Genebra 4 pessoas que são inimigos de Calvino e dos protestantes. Em Março, estas novas autoridades proíbem Calvino e Farell de se pronunciarem sobre assuntos não religiosos. Calvino e Farell negam-se a celebrar a comunhão de acordo com a tradição de Berna. São proibidos de celebrar a missa. No entanto, no Domingo seguinte, 21 de Abril de 1538, Farell e Calvino celebram a missa como habitualmente, Farell na Igreja de Saint-Gervais e Calvino na de Saint-Pierre. As autoridades irão dar-lhes três dias para saírem da cidade.

Estrasburgo

Em 1938, Farell irá refugiar-se em Neuchatel. Calvino dirige-se a Estrasburgo, após ter inicialmente pretendido ir para Basileia. Estrasburgo era na altura parte da zona de língua alemã, mas a proximidade da fronteira com a França significava que ali se tinha desenvolvido uma comunidade de exilados franceses. Tal como em Genebra Farell reconhecera o potencial de Calvino, em Estrasburgo Martin Bucer será o protector de Calvino. Durante três anos Calvino dirigiu em Estrasburgo uma igreja de protestantes franceses, a convite de Bucer.

Segundo o biógrafo Courvoisier, Estrasburgo é a cidade onde Calvino se torna verdadeiramente Calvino. O seu sistema de pensamento é aqui consubstanciado em algo de mais marcadamente original. A sua obra Institutio é aqui re-editada 1539). É agora três vezes maior do que a primeira edição.

Em Outubro de 1539, Pierre Caroli chega a Estrasburgo. Caroli está agora algures entre o catolicismo e o protestantismo. Ele acusa Calvino de o terem confundido na sua fé. Calvino é convocado a submeter-se a um ritual tal como ele foi escrito por Caroli, para provar a sua fé. Uma humilhação de Calvino. Calvino sofre uma crise nervosa.

Neste Outono de 1539, Calvino escreve também um comentário à carta de Paulo aos Romanos. Este tema é particularemente querido do protestantismo. Porque ali se encontra a justificação através da fé como a base de sustentação do movimento protestante. Pois somente a fé salva e justifica. A igreja é por este prisma mais uma comunidade de crentes do que um enquadramento jurídico. Os sacramentos só recebem o seu sentido através da fé. Sem fé não têm qualquer efeito. Já Lutero tinha destacado a carta de Paulo aos romanos como o cerne do Novo Testamento e o mais alto do evangelho.

Em Estrasburgo, Calvino casa-se em Agosto de 1540 com a viúva Idelette de Bure, que tinha sido previamente adepta do anabaptismo. Traz duas crianças do seu prévio casamento. Calvino tem 31 anos de idade. A cerimónia do casamento foi dirigida por Guillaume Farel.

Em 1541 a peste negra (ou peste bubónica) recrudesce em Estrasburgo. Idelette e as duas crianças procuram abrigo em casa de um irmão dela, nas redondezas.

Regresso a Genebra

Após a expulsão de Calvino, Genebra tinha adotado os ritos de Berna. O natal, ascenção de Cristo e outras festividades cristãs voltaram a ser praticadas. Mas os católicos e os anabaptistas continuavam a ser perseguidos e "convidados" a deixar a cidade. A 18 de Março de 1539 o jogo tinha sido proibido em Genebra. Pedintes e vagabundos expulsos da cidade. A ausência de Calvino não tinha significado qualquer laxismo na moral estricta imposta na cidade.
As relações de Genebra com Berna permanecem tensas. Entretanto, os líderes que se opunham a Calvino (os chamados "artichoques") começam a perder influência. São acusados de simpatia por Berna. Jean Philip, um de seus líderes, é torturado e decapitado em 1540. Os oponentes, favoráveis a Calvino, chamados de "Guillermins" ganham o poder.

Calvino foi convidado em Outubro de 1540 a regressar a Genebra, para reaver o seu posto na igreja, tal como o tivera antes da expulsão. A 13 de Setembro de 1541 Calvino chega pela segunda vez a Genebra. Instala-se aí definitivamente até ao fim da sua vida, tendo ali organizado a estructuração da organização de ministérios, de professores, de diáconos, de acordo com as linhas bíblicas.

Zelo Religioso Radical

Ainda em 1541, há uma reorganização da igreja de acordo com as propostas de Calvino. As "Ordonnances de 1541" dispõem a formação de 4 corpos:
Pasteurs (pastores, que pregam) ; Docteurs (ensinam); Anciens (os mais velhos, chamam à ordem aqueles que prevaricam); Diacres (diáconos, ocupam-se dos pobres e doentes) - mendigar é estrictamente proibido. É decidida também a criação de um consistório - composto de elementos da igreja e de laios, este órgão reúne-se regularmente para julgar comportamentos de pessoas, como um tribunal, "de acordo com a palavra de Deus", sendo a excomunhão de pessoas a mais grave sentença que pode decidir. A eucaristia só é praticada 4 vezes por ano.

Em 1542, Calvino publica em Genebra o seu livro de catecismo: "Catéchisme de l'Église de Genève, c'est-a-dire, le formulaire d'instruire les enfants en la chrétienté". A chave do projecto de Calvino passa pela pedagogia. Objectivo é uma profunda transformação da mentalidade. Cada resquício de superstição, de práticas de magia, qualquer resto de catolicismo é perseguido como idolatria.
O consistório, do qual Calvino faz parte ocupa-se desses e de outros casos, como por exemplo estes: Em 1542, uma mulher chamada Jeanne Petreman não participa da eucaristia, pior ainda ela diz o pai nosso em língua "romana". Mais, disse que a virgem maria era a sua defensora. Diz também que se nega a acreditar noutra fé que não a sua. É excomungada. Em 2 de Setembro 1546, aparece em Genebra um franciscano que pedia na rua um jantar em nome de Deus e da Virgem Maria. Devemos pressupôr que ele obteve o seu jantar mas foi também levado ao consistório, que logo constatou que o "papista" mal conhecia a bíblia e que era inofensivo. Foi expulso da cidade, para o lado da fronteira com os católicos.

A 23 de Junho de 1547 comparecem várias mulheres perante o consistório, que tinham sido apanhadas a dançar, uma delas a mulher de uma das pessoas no consistório. O caso ganhou os contornos de um escândalo. As mulheres foram condenadas a alguns dias de prisão, apesar dos vários apelos. Na cidade, há cartazes contra Calvino. O autor dos cartazes, Jacques Gruet, é torturado. Confessa a sua autoria e é executado.

Em 1548, Louis Le Barbier é interrogado sobre a sua fé. Não é nenhuma. Descbrem-lhe também livros sobre bruxarias e de escórnio. É admoestado perante o consistório mas não será perseguido. Os nomes de baptismo são regulamentados. Têm de ser nomes que aparecem na Bíblia. Um decreto de 22 de Novembro de 1546 dispõe que certos nomes são proibidos, entre os quais: Suaire, Claude, Mama (lembram a idolatria); Baptistes, Juge, Evangéliste; Dieu le Fils, Espoir, Emmanuel, Sauveur, Jésus (destinados apenas a nosso senhor)
Sépulcre, Croix, Noel, Pâques, Chrétien (nomes estúpidos ou absurdos) .


O luxo e a pompa são desprezados. Em setembro de 1558, Nicolas de Gallars, um amigo de Calvino, inicia uma grande campanha na cidade em desprezo do supérfluo, as modas entre as mulheres e as más leituras. São queimados vários exemplares do livro "Amadis de Gaula", na posse de um comerciante. O zelo religioso tomava a forma de censura moral.

Peste Negra em Genebra

Em 1542 há um surto de peste negra em Genebra. No seguimento desta epidemia há vários casos de feitiçaria e de rituais contra a peste. A peste negra permanecia então um fenómeno incopreensível. Há vários casos de pretensas bruxarias e feitiçarias, que terminam muitas vezes em tortura e morte dos suspeitos. Este tipo de práticas já era conhecido em Genebra antes da reforma. Os protestantes não lidam de forma diferente. São queimadas bruxas. Supõe-se que estas desgraças são um castigo de Deus. Em 1542, o filho de Calvino, Jacques, morre pouco depois da nascença em 28 de Julho.

Crescimento demográfico

A partir de 1542 e sobretudo na década de 1550, a cidade de Genebra vai conhecer um grande crescimento demográfico, com a chegada de refugiados franceses, protestantes perseguidos em França. Consequentemente, há uma fase de expansão económica (relojoaria, tecelagem ...) e a língua francesa leva a melhor sobre o dialecto franco-provençal da região. Mas também cresce o sentimento xenófebo, em particular aliado com o ressentimento contra Calvino:

Em Janeiro de 1546 é preso Pierre Ameaux, que tinha injuriado publicamente Calvino, esse "picard" que prega uma falsa fé.

Um outro senhor Ameaux é preso mais tarde por razões semelhantes. Este senhor tinha boas razões para não gostar do extremo zelo religioso imposto Calvino, já que o senhor Ameaux era fabricante de cartas de jogo. Foi condenado a percorrer a cidade de uma ponta à outra, descalço, em camisa, com uma vela na mão.

A 23 de Setembro de 1547, François Favre comparece perante tribunal por ter afirmado que Calvino se auto-nomeou de bispo de Genebra e os franceses tinham escravizado a sua cidade natal.

Mais tarde, em 1548, um senhor chamado Nicole Bromet declara que os franceses deveriam ser todos colocados num barco e enviados pelo Rio Rêno abaixo.

Em 1547, Henrique II de França sucede a François I. Henrique será um rei menos reconhecido, em comparação com François, menos carismático, menos entusiasta pelas artes e ciências, mais introvertido, frio.

Em 29 de Março de 1549 morre Idellete Calvino, após doença. Calvino não voltará a casar. Dedica-se ainda mais decididamente ao trabalho.

Em 1550 a repressão dos huguenotes em França cresce. É estabelecida a chambre ardente, para além disso, a censura é fortalecida.

O caso Miguel Servet

Miguel Servet é um homem de cultura, um médico, interessado entre muitas outras coisas em questões religiosas. E é um livre pensador, que acha que a Trindade não faz qualquer sentido e que é apenas um sofisma inventado no Primeiro Concílio de Niceia. Será perseguido pela Igreja Católica por causa das suas teses. É perseguido pelaInquisição em França. Escapa e dirige-se a Genebra, mas os protestantes mostraram-se não menos intolerantes para com as suas ideias. Será queimado vivo em Genebra.

A história da ligação entre Servet e Calvino começa já em 1534, ano em que ambos estiveram em Paris. Esteve nessa altura planeado um encontro mas não chegou a realizar-se. No entanto eles vão trocar correpondência muitos anos.
O debate vai transformar-se numa azeda discussão. Um dos pontos principais em discussão é a Trindade. Servet escreve a Calvino, expondo as suas teses. Na discussão diz-lhe que Calvino devia ler o manuscrito no do seu Livro "Restitutio" e envia-o pelo correio. Em resposta, Calvino diz-lhe que Servet devia ler o seu "Institutio". Servet lê o Institutio e faz comentários críticos nas margens do texto sempre que se lhe justifique. Enviou os comentários a Calvino.

Calvino recebeu o manuscrito de Servet. Não lhe respondeu. Nem sequer devolveu o manuscrito de Restitutio, que Servet lhe pedia que remetesse. Calvino não tinha aparentemente argumentos. Só teve silêncio. E ódio perante Servet e suas "heresias". Calvino iria ter a oportunidade de se vingar.

No princípio de Abril de 1553 a Inquisição francesa ganhou misteriosamente a posse de documentos que compromentem Servet. Entre eles cartas de Servet a Calvino. Ainda em 5 de Abril, Servet é ouvido pelos inquisidores. A 7 de Abril, porém, Sevet consegue escapar-se da prisão. Dirigiu-se a Genebra, talvez por pensar que entre os protestantes estaria a salvo da Inquisição. Enganou-se. Foi preso pelas autoridades da cidade de Genebra a 13 de Agosto.
O seu julgamento tornou-se um caso de discussão. Foi pedida a opinião a padres de Berna, Zurique e outras cidades. A maioria desprezavam Servet. Para eles, a trindade não se discute.

Calvino, ele próprio acusado pelos católicos de arianismo, poderá ter visto aqui a oportunidade de mostrar a esses mesmos católicos que ele defende a noção da trindade. E mostrar também que os protestantes também perseguem os "heréticos". Um herético do lado de lá da fronteira também é um herético dentro da cidade. A 27 de Outubro de 1553 o "herético" Miguel Servet é queimado vivo em Genebra.

Relacionamento com a reforma inglesa

Por volta de 1550, Calvino escreve ao rei Eduardo VI de Inglaterra, um protestante, encorajando-o nas suas reformas. O rei Eduardo VI fez acolher protestantes franceses, perseguidos no país natal. Após o reinado de Eduardo VI (1547-1553) o catolicismo regressa à Inglaterra sob a liderança deMaria Tudor.

Novas dificuldades

Entre 1553 e 1555, há um auge daquilo que foi sempre uma relação tensa entre a igreja, particularmente o consistório, onde Calvino é uma figura de relevo e as autoridades seculares da cidade, eleitas entre os habitantes (ricos) da cidade. Em discussão, como sempre, a questão de saber se o consistório tem ou não o direito de excomungar pessoas, algo que se vinha a passar com relativa frequência. As amargas trocas de palavras entre estes dois polos multiplicam-se. Por um lado o zelo religioso dos Calvinistas, do outro a autoridade política da cidade. Em Janeiro de 1555 há uma procissão noturna de pessoas em Genebra, caminhando de vela na mão, ridicularizando Calvino.

Apesar disso, e em parte por causa do peso relativo da população protestante francesa que se tinha refugioado na cidade, as eleições dos 4 novos "Syndics" de Genebra em Fevereiro de 1555 é favorável aos Calvinistas, que se impõem contra os "Enfants de Genève" sob a liderança de Perrin. Após as eleições, porém, há desacatos na rua entre as duas partes. Perrin e outros líderes da revolta são presos. Irão ser decapitados e esquartejados, e os pedaços dos cadáveres serão exibidos nas ruas da cidade.

Também a doutrina da Predestinação foi muito atacada nestes anos. Um particular crítico foi o monge carmelita chamado Hiérome Bolsec, nascido em Paris, que se tinha estabelecido em Genebra. Ele argumenta que uma vez que Deus é o responsável por tudo o que se passa, então Deus é também responsável pelos nossos pecados. Calvino responde que nunca disse isso. As autoridades apoiam Calvino. Em Berna, críticos de Calvino são expulsos da cidade em 1555.

Em 1555 são erguidas as primeiras igrejas calvinistas em França, nomeadamente em Paris, Meaux, Angers, Poitiers e Loudun. Nos três anos seguintes surgem as comunidades de Orléans, Rouen, La Rochelle, Toulouse, Rennes e Lyon. 8 de Junho de 1558, Calvino escreve aAntoine de Bourbon, o Rei de Navarre e consorte de Jeanne d'Albret, exortando-o a seguir na sua vida privada os mesmos valores ascéticos que os seus súditos.

Entre 26 e 29 de Maio de 1559 realiza-se em Paris um sínodo nacional protestante. Cerca de 30 paróquias estão representadas. Vão elaborar um texto de linhas de orientação, (com a participação de Calvino na sua criação), que se vai chamar Confession de La Rochelle (foi confirmado nesta cidade em 1571).
Em 1559 Calvino fundou uma escola e um hospital. Em Abril de 1559 é assinado o pacto de paz entre a França e a Espanha em Cateau-Cambrésis.

Falecimento

A saúde de Calvino começou a vacilar. Ele sofria de enxaquecas, hemorragia pulmonar, gota e de pedras nos rins. Por vezes foi levado carregado para o púlpito. Calvino também tinha os seus detractores. Foi ameaçado e abusaram dele. Calvino apreciava passar os seus tempos livres no lago de Genebra, lendo as escrituras e bebendo vinho tinto. Nos finais de sua vida disse a seus amigos que estavam preocupados com o seu regime diário de trabalho: "Qual quê ? Querem que o senhor me encontre ocioso quando ele chegar ?"

João Calvino faleceu em Genebra a 27 de Maio de 1564. Foi enterrado numa sepultura simples e não marcada, a seu próprio pedido.

Publicações de Calvino

De Clementia - Obra anotada de Séneca (1532)
Psychopannychia (1534)
Institutos da Religião Cristã
publicado em Latim: 1536
publicado em Francês: 1541
Catéchisme de l'Église de Genève (1542)
Calvino também publicou vários volumes de comentários sobre a Bíblia

Calvinismo

(Artigo principal: Calvinismo)

As suas publicações espalharam as suas ideias de uma igreja correctamente reformada, para muitas partes da Europa. O calvinismo tornou-se a religião maioritária na Escócia (Ver: John Knox), nos Países Baixos e em partes da Alemanha, tendo sido influente na Hungria e na Polónia. A maioria dos colonos de certas zonas do novo mundo, como Nova Inglaterra, eram igualmente calvinistas, incluindo os puritanos e os colonos neerlandeses que se estabeleceram em Nova Amsterdam (Nova Iorque). África do Sul foi fundada em grande parte por colonos neerlandeses (também com franceses e portugueses) calvinistas do início de século XVII, que ficaram conhecidos como Afrikaners.

Em França, os calvinistas eram chamados de Huguenotes. A Serra Leoa foi em grande parte colonizada por colonos calvinistas da Nova Escócia. John Marrant tinha organizado a congregação local sob o auspício da conexão Huntingdon. Os colonos eram na sua maioria loialistas negros, afro-americanos que tinham combatido pelos ingleses na guerra da independência americana.


c) Sínodo de Dort

A controvérsia sobre o ensino de Arminius tornou-se ligada a facções políticas holandesas rivais. Houve até o perigo de guerra civil. Após uma batalha os antiprotestantes venceram e convocaram um sínodo que se reuniu em Dordrecht (Dort) de 1618 a 1619. Este não foi meramente um sínodo nacional - delegações da Inglaterra estavam presentes, os estados alemães reformados, Suiça e Genebra ( ainda não era parte da Suiça). A igreja Reformada Francesa foi impedida pelo rei de enviar uma delegação, mas aprovou as decisões do sínodo depois.

O protesto foi unanimemente rejeitado e o sínodo redigiu uma resposta, os "cânones" de Dort. Os cinco pontos do protesto são respondidos sob cinco tópicos - dos quais o terceiro e o quarto são combinados, já que o terceiro ponto do protesto foi considerado ortodoxo. Os cânones foram assinados por todos os membros do Sínodo.

Os cinco pontos vieram a ser vistos mais tarde. Como os cinco pontos do calvinismo, resumidos na palavra mnemônica Tulipa; T= Total depravação, E=Eleição incondicional, L=Limitada redenção, I=Irresistível graça, P=Perseverança dos Santos.

d) J. Edwards

Pastor congregacional norte-americano, foi o mais destacado teólogo e erudito da Nova Inglaterra no período colonial no século XVIII. Nasceu a 5 de outubro de 1703, em East Windsor, Connecticut. Recebeu os graus de Bacharelado em Artes e Mestrado em Artes na Universidade de Yale. Em 1727, foi ordenado e empossado como pastor assistente da igreja de seu avô, Solomon Stodard, em Northampton, Massachusetts. Quando Stoddard faleceu em 1729, Edwards tornou-se o pastor efetivo da igreja.

Em 1734 o reavivamento religioso, parte do Grande Despertamento, chegou à sua igreja. Seu famoso sermão "Pecadores nas Mãos de um Deus Irado" (1741), foi proferido durante esse período. O fato de Edwards ter disciplinado os jovens por lerem literatura "imoral", e de ter-se negado a dar a comunhão a membros não convertidos da igreja, levaram-no a exoneração em 1750.

De 1751 a 1757, serviu como missionário entre os indígenas norte-americanos, em Stockbridge, Massachusetts. Edward tornou-se presidente do College of New Jersey (atualmente Princeton University), em 1758, mas faleceu naquele mesmo ano de varíola.

PECADORES NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO

O famoso sermão de Jonathan Edwards foi proferio em 8 de julho de 1741, em Enfield, Connecticut, nos Estados Unidos, devido ao grande despertamento que houve na época.

Todos os que se referem a Edwards dizem que ele foi acompanhado pelo poder de Deus de forma extraordinária, causando um impacto inesquecível naqueles que o ouviram.

A seguir, um pequeno trecho do sermão que acabou por virar literatura, sendo publicado em várias línguas.

"... o Deus que vos mantém acima do abismo do inferno vos abomina; Ele está terrivelmente irritado e Seu furor contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados ao fogo. E Seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a Seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para os olhos humanos.Vocês O têm ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a Sua mão, pode impedir-vos de cair no fogo a qualquer momento..."


3) De acordo com o lido:

e) O que é A tradição Reformada?

A tradição reformada, significa, que em determinado momento da história os vínculos tradicionais da Igreja Cristã foi rompido por novos dogmas, pensamentos e ações por parte dos líderes cristãos.

Estas ações mudariam para sempre o curso da história Cristã, bem como as atitudes dos cristãos, como um todo. Esta reforma teve início com Ulrico Zwinglio na Suiça.
Reformador suíço nascido em Wildhaus, cantão de Sankt Gallen, Suíça, contemporâneo de Martinho Lutero, que pregava uma reforma da Igreja de tipo mais liberal e racionalista e cujas doutrinas influenciaram os calvinistas.

Martinho Bucer nascido em 1941 em Schttstadt, na Alsácia, também teve sua parte na história e ao estabelecer-se em Estrassburgo, tornou-se o principal reformador deste local, onde também passaram João Calvino, Wolgang Capito, Kaspar Hedio, Pedro Mártir, Jacob e Johannes Sturm. Strassburgo tornou-se o maior centro da Reforma.

A reforma em Genebra, se deu grandemente através de Calvino. Genebra é nesta altura já uma cidade de espíritos progressivos e abertos para a reforma protestante. Politicamente, a cidade está desde 1500 orientada para a Savóia. Na prática, no entanto, Genebra é quase uma cidade-estado, uma república. Há um conflito entre os chamados mamelucos, que são conservadores e orientados pela Savóia e os "confederados" (alemão: Eidgenossen; francês: Eidguenot) de onde possivelmente se formará a palavra Huguenotes (francês:huguenot). Estes últimos opõem-se à Savoia. Em 1524, Karl III, Duque de Savóia, tinha ocupado militarmente Genebra. Porém, em 1526, Genebra decide-se pela união com Berna e Freiburg, iniciando-se no caminho helvético. A reforma protestante não terá tido um papel determinante neste processo, segundo Cottret. Mas a partir daqui começam a reunir-se em Genebra elementos da Reforma. Em 1533 há a primeira missa protestante de que há conhecimento nesta cidade. São então cunhadas moedas com a inscrição: "Post tenebras lux" (após a escuridão, a luz).

Neste período se deu a Criação do Catecismo de Heidelberg e o Sínodo de Dort. Destacaram-se também como reformadores Jacó Arminius e Jonathan Edwards.

f) Quem foi Menno Simons?

Os menonitas devem o seu nome a um sacerdote católico holandês chamado Menno Simons (1496-1561). Foi ordenado em 1515 ou 1516 e exerceu o ministério paroquial. Em 1531 foi condenado à morte o anabatista holandês Seicke Snijder, porque negava a validade do Batismo das criancinhas; Menno então quis estudar a tenática e persuadiu-se de que o sacramento ministrado aos pequeninos não era válido. Escreveu então a Lutero, Bucer e a Bullinger, defensores do Batismo de crianças (pedo-batismo), pedindo explicações; as respostas que lhe enviaram, não lhe satisfizeram; em conseqüência aderiu à corrente anabatista e foi rebatizado em 1536 por Obbe Philips, organizador da primeira comunidade anabatista na Holanda.

O episódio de Münster e a revolução dos camponeses na Alemanha excitaram as autoridades civis da Holanda contra os anabatistas. Menno refugiou-se então em Colônia (Alemanha) e pôs-se a percorrer a Alema-nha Setentrional apregoando suas idéias e fundando centros menonitas. Por essa época escreveu opúsculos e tratados. Menno procurou sempre reprimir o ânimo passional dos anabatistas e coibiu seus excessos, sendo, por isto, considerado o segundo fundador da corrente anabatista, que tornou o nome de Menonita. Morreu em 1559 na Alemanha.

Os menonitas extraíram dos escritos de Menno a sua Profissão de Fé, que data de 1589 consta de quarenta artigos, com o nome de "Confissão de Fé de Waterland"; nega a transmissão do pecado origina,. afirma a morte do Senhor em favor de todos os homens, condena o juramento, a guerra, qualquer tipo de violência; recomenda a obediência às autoridades civis desde que nada preceituem em oposição a Palavra de Deus e só reconhecem o Batismo de adultos.

Prevaleceu entre os menonitas o pacifismo, com a recusa do servi-ço militar e do juramento (mesmo quando prescrito por lei) — o que lhes causou problemas em vários países. Sofreram a influência de teorias li-berais, mas atualmente tendem a voltar às teses fundamentais de Calvino. As comunidades do Leste Europeu e da ex-URSS foram quase totalmente exterminadas pelo regime soviético.

No mundo inteiro há aproximadamente 700.000 menonitas, distri-buídos por numerosas correntes independentes umas das outras, sendo que algumas contam apenas algumas centenas de membros. Podem ser mencionados como principais ramos a Mennonite Church (USA.), os Irmãos Menonitas (Mennoniten Brüdergemeinde), os Irmãos em Christo (Brethren in Christ), os Menonitas da Antiga Ordem, dos quais o grupo dos black pumpers só aceita canos pintados de preto, a Igreja de Deus em Cristo (de caráter conservador, prescrevendo o uso da barba para os homens e o do véu para as mulheres).
É na sucessão de tais acontecimentos que se situa a origem na denominação batista.




g) John Owen

John Owen, nasceu em 1616 perto de Oxford, e foi um dos cérebros por trás do sistema de Cromwell. Estudou na faculdade de Queen em Oxford. Mas partiu em 1637 por causa das mudanças religiosas introduzidas por Laud. Durante os anos 1640 ele serviu como ministro de duas igrejas em Essex. A princípio sua simpatia era presbiteriana, mas mudou para uma posição independente. Ele conquistou o favor de Cromwell em 1651 e foi indicado Deão da Igreja de Cristo, Oxford. No ano seguinte ele tornou-se o Vice-Reitor da Universidade. Em 1660, com a restauração da monarquia, foi expulso da Igreja de Cristo, saiu de Oxford e continuou a pregar e a escrever até a sua morte em 1683.

Owen foi o maior dos independentes do século XVII. Foi um dos autores de uma coleção de propostas Humildes. Apresentada ao Parlamento em 1652. Em 1654 ela tornou-se a base para a determinação de Cromwell e Owen era um dos trinta e oito "Juízes" que a administraram. Owen também teve um papel de liderança na Assembléia de Savoy, que se reuniu no palácio de Savoy em Londres em 1658. Esta foi um reunião congregacionalista ou independente e produziu a Declaração de Fé de Savoy que, ao contrário da Confissão de Westminster, nunca foi grandemente usada.

Owen também é conhecido como o maior Exponente da doutrina da "Expiação limitada". Sua Morte da Morte na Morte de Cristo (1647) é a defesa clássica da doutrina. Aqueles que criam na expiação Universal são acusados de ensinar uma expiação ineficaz. A cruz meramente torna a todos possível de serem salvos. Ela não garante ou realmente obtém a salvação para ninguém. A doutrina da expiação limitada, ao contrário, faz a salvação dos eleitos não meramente possível, mas certa.

h) J. e Charles Wesley

JOHN WESLEY

Em 28 de junho de 1703 nascia em Lincolnshire, na Inglaterra, o fundador da Igreja Metodista Wesleyana: John Wesley, cuja esposa chamava-se Susanna, era o 12º dos dezenove filhos do reverendo Samuel Wesley, um pároco de Epworth.

Quando completava seis anos, quase perdeu a vida num incêndio à noite, provocado por um grupo de malfeitores. O fogo se alastrava no teto de palha da paróquia onde eles moravam, começando a estilhaçar brasas sobre as camas. Subitamente, Hetty Wesley, um dos irmãos menores, acordou assustado e correu até o quarto de sua mãe. E logo todo mundo estava em pé, tentando conter o domínio das chamas, enquanto a pequena criada, agarrando o bebê Charles nos braços, chamava as crianças para um lugar mais seguro. A essa altura, Twice Susanna Wesley forçava a porta contra as costas, numa tentativa desenfreada de proteger-se.

A família finalmente conseguiu sair de casa e, apavorada, reuniu-se no jardim, pois descobrira que o pequeno Jeckie havia ficado lá dentro dormindo. Voltaram correndo, mas era tarde: a escada estava em cinzas e tornava impossível resgatá-lo. O rapaz chegou até aparecer na janela, porém não podiam segurá-lo, visto que a casa ficava no segundo piso. Todavia, um pequeno homem pulou sobre o largos ombros do pai de Wesley e, num esforço desmedido, conseguiu salvar a criança.

Um estudante de Cristo consequentemente, uma profunda ternura passou a residir no coração de Jackie que, mesmo depois de homem, considerava que havia escapado aquela noite porque Deus tinha um propósito muito especial em sua vida. Várias vezes ele chegou a comemorar este dia em seu diário secreto que escreveu: "Arrancado das Chamas".

Seis anos depois, em Charter House School, Jeckie matriculou-se na Universidade em Oxford, tornando-se um estudante da igreja de Cristo. Quatro anos mais tarde graduou-se em bacharel de artes e em 1726 foi eleito acadêmico do Colégio Lincoln.

Enquanto John Wesley era ordenado ao ministério e ajudava o pai em casa, Charles, o irmão mais novo, organizava em Oxford um pequeno grupo de estudantes para orações regulares, estudos bíblicos e outros serviços cristãos. O Clube Santo, como era chamado, incluía vários integrantes, que, mais tarde, tornaram-se pioneiros de um avivamento, ocorrido no século XVIII, destacando-se, entre outros, George Whitfield.

Obedecendo ao Senhor, John Wesley viajou para colônia em Georgia, como capelão, em 1736. Charles nesta época, era secretário do governador e o piedoso trabalho em Georgia, embora com muitas lutas, teve sucesso mais tarde. O reverendo George Whitfield, depois de visitar a sede do movimento, escreveu: "O eficiente trabalho de John Wesley na América é impressionante. Seu nome é muito precioso entre o povo, pois tem edificado as fundações que, espero, nem homens nem demônios a abalem".

Em contato com German Moravian Christians na América, Wesley questionava sobre as verdades cristãs. Sabia muito bem que o êxito de seus trabalhos estava nas mãos de Deus e, por isso, começou a buscá-lo em oração. Não demorou muito tempo e, em 24 de maio de 1738, acabou encontrando a resposta quando, de volta para a Inglaterra, resolveu registrar tudo quanto acontecera naquele dia: "A tarde, visitando a sociedade em Aldersgate Street, li o ‘Prefácio da epístola aos Romanos’ na versão de Lutero, cujas palavras tocaram-me profundamente. Senti meu coração bater fortemente. E, desde aquele momento, aprendi a confiar em Cristo como meu Salvador. Estou seguro de que os meus pecados estão perdoados. Me salvei da lei do pecado e da morte". Esta experiência mudou o rumo da vida de Wesley que, a partir daquele momento, passou a ser uma nova criatura, sendo consagrado o maior apóstolo da Inglaterra.

John Wesley começou o trabalho de pregação ao ar livre quando viajava para Bristol a fim de ajudar George Whitfield, que na época era conhecido como o mais eloquente pregador da Inglaterra. Wesley, a princípio, rejeitou a idéia, mas uma vez convencido da vontade de Deus, acabou se tornando mais famoso que Whitfield. Viajava 11 quilômetros por ano. Experimentou os mais cruéis sofrimentos e oposições em toda sua vida. Estava freqüentemente em perigo.

Embora fosse sábio e proeminente, o itinerante evangelista era um homem simples e executou muitas obras sociais. As suas poderosas mensagens muito influenciaram a igreja que, no ano de 1739, adquiriu uma sede para o movimento protestante, que crescia vertiginosamente. Comprou uma casa de fundição em ruínas, na cidade de Moofield, e transformou-a num templo. O prédio passou por uma rigorosa reforma que custou, na época, 800 libras (quantia superior ao da compra que foi de 115 libras), mas valeu a pena. Depois de pronta, a capela passou a comportar cerca de mil e quinhentas pessoas.

Era o primeiro edifício metodista em Londres, onde a verdadeira doutrina de Cristo era proclamada. Pessoas sedentas por ouvir a gloriosa mensagem do evangelho cruzavam todos os domingos a escuridão das estradas de Moorfield com lanternas, para ouvir os ensinamentos de Wesley. O prédio dispunha de sala de reuniões, com capacidade para 300 pessoas, sala de aula e biblioteca.

Mais tarde, John Wesley instalou a sua própria casa na parte superior da capela, onde passou a morar com a sua família. Em 1746, abriu um centro de atendimento médico e escola gratuitos, com capacidade para 60 estudantes, contratou farmacêutico, cirurgião e dois professores e, em 1748, alugou uma casa conjugada para refugiar viúvas e crianças.

Muitos foram os patrimônios conseguidos pela igreja durante os 40 anos do movimento metodista em Moorfield, organizada por John Wesley. Entretanto, devido a expiração do contrato imobiliário, a sede teve de mudar-se para um outro lugar.

Próximo dali, em City House, encontrava-se um vasto campo onde jaziam os túmulos de Bunhill Field e o de sua esposa Sussana Wesley. Um lugar de pântanos, recentemente aterrado, onde foi construída a catedral de Saint Paul. Havia também no local algumas pedras de moinho, utilizadas para moer milho trazido do Thames, que era transformado em trigo.

John Wesley alugou quatro mil metros quadrados destas terras em 1777 para construir a nova capela. E, finalmente, em 21 de abril do mesmo ano, sob forte chuva, lançou a pedra fundamental, com a seguinte gravação: "Provavelmente, esta pedra não será vista por algum olho humano, mas permanecerá até que a terra e o trabalho sejam consumados". Naquele dia, Wesley improvisou um púlpito sobre a pedra e pregou em Nm 23.23.

A Recompensa

Em 1 de novembro de 1778, dezoito meses depois, no Dia de Todos os Santos, a capela estava próxima de ser aberta para a adoração pública. Apesar dos ventos das dificuldades (além de ter contraído muitas dívidas, os trabalhadores tiveram as ferramentas roubadas), Deus recompensou grandemente o esforço de Wesley, levantando voluntários dentre os membros. O rei George III, por exemplo, doou mastros de navios de guerra para o suporte das galerias.

Conta a história que um certo dia Wesley ficou de um lado do templo e Taylor, um dos cooperadores do outro, com os chapéus nas mãos, e conseguiram arrecadar 7 libras; o suficiente para a conclusão das obras. Toda a galeria foi coberta com gesso e os bancos de madeira de carvalho, doadas pelas igrejas da América, Canadá, Sul da África, Austrália, Oeste da Índia e Irlanda. As janelas vitrificadas, as impressões no teto foram trabalhados no estilo Adams (réplica antiga), e a casa de Wesley construída num pátio em frente à capela. Estas raridades, depois de reformadas em 1880, no centenário da morte de Wesley, memorizam as epopéias deste bravo soldado de Cristo.

Sua Morte

Mesmo depois de velho quase cego e paralítico, John Wesley continuava pregando em City Road e Latherhead. E, quando percebeu que sua vida estava chegando ao fim sentou-se numa cama, bebeu um chá e cantou:

"Quando alegre eu deitar este corpo e minha vida for coroada de bênção, quão triunfante será o meu fim! Eu glorificarei a meu Criador enquanto tenho fôlego; E, quando a minha voz se perder na morte, empregarei minhas forças; em meus dias o glorificarei enquanto tiver fôlego até o fim de minha existência".

Wesley foi enterrado no Jardim-túmulo, em frente à capela em City Road, sob as luzes das lanternas, na manhã de 2 de março de 1791. Morreu com os olhos abertos e balbuciando a seguinte palavra: "Farwell" (adeus). Cerca de 10 mil pessoas acompanharam o funeral. E a lápide até hoje indica o significado histórico: "À memória do venerável John Wesley: o último companheiro do Lincoln College, Oxford..."

Charles Wesley

Charles Wesley, que compôs mais de seis mil hinos, não só acompanhou seu irmão John Wesley nas cruzadas, como também é considerado o maior compositor do reavivamento Wesleyano

É certo que o talento não é hereditário, mas é fato que sempre existiram vários casos de irmãos que se tornaram famosos graças aos dons incomuns nas áreas mais variadas. Eles brilham na mesma época e até em profissões semelhantes. Na História da Igreja, uma dupla de irmãos, John e Charles Wesley, não fez por menos. Escolhidos por Deus para a missão de pregar Sua Palavra como evangelistas, eles fundaram o metodismo no século 18. Aquela semente deu frutos – atualmente (2002) os metodistas formam uma comunidade de, aproximadamente, 80 milhões de pessoas em todo o mundo, embora a maior parcela concentre-se nos Estados Unidos.

John Wesley tornou-se o mais famoso dos pregadores por falar e escrever com rara eloqüência. No entanto, Charles Wesley (1707-1788), seu irmão mais novo, não apenas deu suporte àquele ministério, apoiando e criticando John quando necessário, como também fez das partituras seu principal púlpito. Charles Wesley é considerado o grande compositor do reavivamento wesleyano: compôs mais de seis mil hinos, que eram cantados em cruzadas evangelísticas. Muitos deles causaram estranheza por terem influência dos ritmos populares, comuns nas tavernas e casas de ópera da Inglaterra.

Não foi à toa que, certa vez, alguém escreveu que, se George Whitefield ficou conhecido como o orador do metodismo, e John Wesley seu organizador, podia-se afirmar que Charles Wesley foi seu poeta.

Vida o obra - O poeta Charles nasceu em 18 de dezembro de 1707, na cidade de Epworth, no condado de Lincolnshire, na Inglaterra. Filho de Samuel, reitor da Faculdade de Epworth, e de Susanna Wesley, Charles foi marcado por Deus para uma obra muito específica desde cedo. Tinha apenas um ano e três meses de vida quando o prédio da reitoria da faculdade foi totalmente destruído pelo fogo. Charles, assim como John, foi resgatado do verdadeiro inferno em que se transformou o edifício tomado pelas chamas.

Na adolescência, enquanto John estudava na Escola de Charterhouse, Charles foi estudar na Escola de Westminster, mesmo colégio do irmão Samuel. Lá, provou ser um excelente aluno. Criado sob rígida educação familiar evangélica, Charles fora ensinado a defender a justiça e, por isso, logo se envolveu em diversas causas na escola.

Não houve, entretanto, alguém que pudesse duvidar do impacto da experiência de sua conversão, em 1738, aos 31 anos. Sua vida espiritual logo se voltou para a compaixão pelos homens perdidos. Assim, pregou de improviso pela primeira vez na Igreja de Saint Antholin, em Bristol.

No ano seguinte, tornou-se publicamente defensor do ministério do grande pregador George Whitefield, que, embora tivesse grande impacto, era alvo de críticas ferozes em Londres e em Bristol. Charles Wesley juntou-se a Whitefield quando este falou a uma enorme multidão na cidade de Blackheath sob o título: "O que Satanás tem ganhado ao manter você fora das igrejas?" Charles Wesley repetiria o feito ao lado de seu irmão John, à frente de multidões nas vilas da região inglesa de Essex.

"Sua pregação era como um trovão e um relâmpago", diziam os primeiros metodistas a respeito da retórica de Charles Wesley. Mas sua força não estava apenas na pregação: sua música tornou-se, de fato, sua melhor ‘retórica’. Em 1739, a primeira seleção de seus hinos foi publicada e tornou-se logo muito popular.

Seus hinos - Os hinos de Charles possuíam uma mensagem fundamentada na piedade cristã, própria para as reuniões devocionais e também para os grandes agrupamentos ao ar livre. Eles destacavam o fervor da fé e tornavam a mensagem inesquecível.

Suas composições eram inspiradas nas melodias seculares de Purcell e de Haendel e, embora destinadas a congregações, eram editadas como solos. Eram melodias populares ou adaptadas da música das óperas que abundavam na época. A contextualização da música dos hinos de Wesley chocou muitos elementos conservadores da Igreja, mas foi bem aceita pelo povo.

Seus hinos também eram fundamentados no lema da Reforma Protestante - Sola Scriptura (Só as Escrituras) - ou seja, enfatizavam que a Bíblia é a única regra de fé do cristão. Charles Wesley também escreveu hinos para combater a concepção calvinista da predestinação, como Redenção universal, e ainda chegou a pregar um sermão intitulado Graça gratuita.

Escreveu hinos para as grandes festas da igreja, como os conhecidíssimos Cantam anjos harmonias e Cristo já ressuscitou, aleluia. Preocupou-se também com um acervo de hinos para os sacramentos da igreja, como a Santa Ceia, e com a koinonia (a comunhão cristã), à época, principal base do crescimento da Igreja Metodista.

Paralelamente à música, Charles Wesley investiu todo o seu tempo para salvar os homens distantes de Deus. Charles, assim como seu irmão John, não deu importância nem mesmo às pressões eclesiásticas e viajou muito, especialmente para a Irlanda, a Escócia e o País de Gales. Ao lado do irmão, Charles pregou contra o consumo de bebidas alcoólicas, a guerra e a escravidão, e incentivou a medicina humanitária, a abertura de novas escolas e uma reforma penitenciária. Mesmo com a "agenda" tão cheia, Charles arrumou tempo para casar-se, em abril de 1749, com Sarah Gwynne. O casal se estabeleceu em Bristol, mas sempre que podia Sarah acompanhava Charles em suas excursões de pregação da Palavra.

Seus contemporâneos ficavam espantados ao ver seu ministério itinerante, que também incluiu os Estados Unidos, onde, em 1760, fundou com John as primeiras missões metodistas. Naquele tempo, o metodismo era um fenômeno.
Lição do vida - Em 1771, depois de centenas de idas e vindas, Charles e Sarah, então, mudaram-se para Londres. O ministério de Charles continuou, embora mais voltado para o âmbito local. Em Londres, eles também puderam ver muito mais de perto o crescimento dos dois filhos, Charles e Samuel, músicos excepcionais que se tornaram "alvos" de muitos convites para concertos.

Em 1786, já com 79 anos, Charles Wesley, que já percorrera 365 mil quilômetros em seu ministério e havia participado de 46 mil cultos, cruzadas e reuniões evangelísticas, assumia novas responsabilidades na igreja. Foi ele quem enviou, naquele ano, os primeiros missionários metodistas para a Índia.
Quase dois anos depois, Charles Wesley faleceu. O dia 29 de março de 1788, data de sua morte, tornou-se, entretanto, apenas mais um fato dentro de uma história de vitórias e de milhares de hinos cantados até hoje. Ele também deixou para todos os cristãos uma lição de vida e amor ao Evangelho, além de uma marca pessoal indelével. Dizia-se dele: "Se houve um ser humano que repugnou o poder, a proeminência e encolhia-se ao elogio, esse foi Charles Wesley". Um verdadeiro herói da fé.


4) Fale dos liberais.

O liberalismo é uma completa adaptação da teologia cristã ao mundo moderno. Os liberais estão preparados para sacrificar-se muitos elementos da ortodoxia cristã tradicional em sua busca de relevância contemporânea.

Entre os liberais se destacam Friedrich Schleimermacher, Albrecht Ritschl e Adolf Von Harnack.

Friedrich Schleimermacher nasceu em 1768 em Breslau na Silêsia (Atual Polônia), filho de um capelão reformado do exército. Recebeu uma criação pietista na tradição de Spener e entrou para um seminário teológico pietista. Mas esta teologia tradicional era inaceitável para ele. Assim partiu para completar sua instrução teológica na Universidade de Hale. Após a sua ordenação, a maior parte de seu ministério foi exercida em Berlim. Além de pastorear uma igreja reformada, ajudou a fundar a Universidade de Berlim e tornou-se professor de teologia ali. Seu trabalho pastoral incluiu preparar Bismarck, o grande estadista prussiano, para a confirmação. Ele morreu em 1834. Karl Barth afirmou que ele fora o fundador da teologia moderna.

Albrecht Benjamim Ritschl nasceu em 1822 em Berlim, filho de um pastor luterano que mais tarde tornou-se bispo. Era professor de teologia, a princípio em Tubingen de 1852 a 1864, e depois em Gottingen até sua morte em 1889. Ele escreveu duas obras importantes : A Doutrina Cristã da Justificação e Reconciliação, e uma obra de três volumes, Hístoria do Pietismo. Um movimento que desaprovou. Ele seguiu na tradição liberal iniciada por Schleiermacher, mas modificou os pensamentos deste em várias áreas vitais. Foi o mais influente dos liberais do século XIX, e a escola Ritschliana foi muito forte na última parte do século e no início do seguinte. Ele baseou sua teologia na experiência cristã, porém fez oposição ao subjetivismo e racionalismo.

Adolf Harnack nasceu em 1851 em Dorpat (Atual Estônia), filho de um professor de teologia, alemão. Ele seguiu os passos de seu pai, tornando-se professor em Leipzig (1876), giessen (1879), Marburgo (1886) e, finalmente em Berlim (1888-1921). Perdeu o apoio das autoridades da igreja por suas opiniões liberais e foram feitas tentativas para obstruir a sua indicação para Berlim. Mas ele contou com o favor do estado e em 1914 o Kaiser Wilhelm II enobreceu-o, fazendo o Adolf von Harnack.

Harnack foi acima de tudo um historiador de dogmas. Sua Obra principal foi História do Dogma (1886-89). Ele foi o maior especialista sobre os Antigos pais da igreja em sua geração. A essência do cristianismo de Harnack foi baseada em sua concepção da pessoa e ensino de Jesus Cristo.

5) Quem foi Tereza de Ávila ?

Tereza de Cepeda e Ahumada (1515-1582) nasceu em 1515 em Ávila, numa família tradicional espanhola - doutora da Igreja, fundadora e mística - "Teresa" quer dizer "natural de Terásia", ilha do mar Egeu.

Aos 20 anos, Tereza de Ávila entrou para o convento carmelita da Encarnação em Ávila, Castela. Mais tarde, encorajada por s. Pedro de alcântara, fundou o Convento de S. José, em Ávila (1562), a primeira casa das carmelitas reformadas ou "descalças", que seguiam uma regra mais rigorosa e menos complacente que a das carmelitas "calçadas". Viajando por toda Espanha, fundou mais 20 conventos, que prezavam a disciplina e a oração mental. Afetuosa, franca, alegre e espirituosa, soube unir em si a vida contemplativa e a vida de ação, amando a Deus em tudo e por tudo. Deixou várias obras, entre as quais Vida (autobiografia), Caminho da perfeição; livro das fundações; O Castelo interior.

6) O que foi Karl Barth ?

Karl Barth nasceu em Basiléia em 1886, o filho mais velho de um pastor reformado, tornou-se um ministro reformado na suíça.

Barth tinha certeza de que devíamos temer apenas a Deus e não o homem, por isso foi verdadeiro em suas declarações contra o partido nazista, sabia que a igreja estava vendida para satanás e o "lobista" era o Hitler. Junto com Bonhoeffer, Barth sabia que prestaria conta apenas a Deus e não aos homens. A única coisa que o Nazismo poderia fazer era matá-los. Barth chegou a usar até o texto do Vaticano II com sua antropologia de valorização do homem para que o povo alemão não aceitassem tanto o Hitler como o salvador.

Barth pregava que a revelação de Deus era de Cima para Baixo e não de Baixo para Cima, ou seja, provém da Graça de Deus. Ele deixou claro que a Graça de Deus não vinha pelas obras de Deus e nem pela dos homens. Com isso, o duelo contra o Nazismo ficou forte, pois o Reich era a implantação do Reino de Deus na terra, as obras do partido nacional-socialista e a nova igreja nazista era a própria manifestação de Deus.

Talvez, o principal motivo para que Barth escrevesse seu livro a "Carta aos Romanos" era, não apenas por aparentemente ter sido feito antes dos evangelhos, mas, para provar que não poderíamos levar o capítulo 13 do livro de Romanos ao pé da letra... O intelecto humano é suficiente para entender Deus como um todo (desespero existencial e fé num Deus diferente dos homens). Se trouxermos Deus ao reducionismo - desmembramos de sua complexidade para entendê-lo numa simplicidade – Aí, Deus não é Deus, é objeto da ciência e vira objeto analisado.

Como não ceder a sedução dos discursos de Hitler ? Ele falava que era o enviado de Deus para salvar as igrejas, institucionalizar uma raça mais legitima, desprovida de problemas carnais. Para os protestantes, Hitler falava para atendermos o que está escrito em Romanos 13 e para os Católicos falava que estava organizando a unificação das igrejas... Para o ocultista fazia invocações demoníacas para abençoar os canhões... Mas, homens como Barth e Bonhoeffer não se renderam e dispararam contra Hitler que a revelação de Deus era apenas o Senhor Jesus e vivo !! Nunca as obras nazistas...

Ocorrido entre 29 e 31 de maio de 1934, o Sínodo de Barmen foi um chamado à resistência contra as tentativas do governo nazista de dominar a Igreja na Alemanha, de expulsar os judeus da igreja e de valorizar o ministério e a glorificação de Adolf Hitler como um novo profeta alemão. Com representantes das igrejas Reformadas, Luteranas e Unidas da Alemanha promulgaram uma confissão de fé preparada por Karl Barth (membro da Igreja Reformada da Suíça) e Hans Asmussen (membro da Igreja Luterana da Suécia) que reconheceram e confessaram a autoridade única de Jesus Cristo sobre a Igreja, rejeitando a autoridade eclesiástica instalada pelo Reich de Hitler, para manipular a igreja.

Quando em 30 de janeiro de 1933, Hitler subia ao poder na Alemanha, e em abril do mesmo ano o movimento religioso da Igreja evangélica dos "Cristãos Alemãs", fundado na Turíngia em 1927 para promover o cristianismo popular, aliou-se ao nacional-socialismo ! O famoso teólogo evangélico Friedrich Gogarten (1887-1967), adere a esse movimento por volta do final do verão de 1933, mas não tarda em abandoná-lo com um documento de protesto de 14 de novembro do mesmo ano, logo após o discurso pronunciado no dia anterior, em Berlim, pelo líder dos Cristãos Alemãs, Dr. Reinhold Krauser, que propunha desjudaizar o cristianismo, eliminando o Antigo Testamento, a moral judaica e a teologia do rabino Paulo .

Gogarten foi acusado de Ter sido o teórico dos Cristãos Alemãs, mas tal acusação é infundada: sua adesão – coerente com os princípios formulados em numerosos escritos do período dialético (teologia de Barthiana), que o levava a soldar teologia e política e a privilegiar o tema autoridade – durou no máximo três meses e foi prontamente retirada assim que ficou claro que o movimento, em nome do nacional-socialismo alemão, estava abandonando o fundamento bíblico em que se baseia a igreja.

Dois anos antes, profeticamente, numa palestra em 31 de janeiro de 1931, Barth afirmou em "A necessidade da igreja evangélica", pois a igreja evangélica é uma igreja sob a cruz, e afirmou ser insalubre uma teologia que parece estar, na verdade, com vergonha do evangelho, disfarçando-o com enfeites, dando por ele desculpas e explicações, e assimilando as categorias contemporâneas da filosofia e das ciências humanas, um caminho que Barth mais tarde, perto do Sínodo de referência deste resumo, acusaria ter sido parcialmente responsável por Ter levado a igreja alemã ao seu apoio às políticas de guerra do governo Nazista de Hitler.

Portanto, é justificado a chamada do Sínodo aos cristãos alemãs, onde transcrevo um trecho da Declaração que diz – "Não vos deixeis enganar pelos boatos de que pretendemos opor-nos à unidade da nação alemã!

Não deis ouvidos aos sedutores que pervertem nossas intenções, dando a impressão de que desejaríamos quebrar a unidade da Igreja Evangélica Alemã ou abandonar as Confissões dos Pais da Igreja.

Examinai os espíritos, a ver se eles são de Deus! Provai também as palavras do Sínodo Confessional da Igreja Evangélica Alemã para testar se estão conformes com a Sagrada Escritura e com a Confissão dos Pais. Se achardes que nossas palavras se opõem à Escritura, então não nos deis atenção! Mas se julgardes que nossa posição está conforme com a Escritura, então não permitais que o medo ou a tentação vos impeça de trilhar conosco a vereda da fé e da obediência à Palavra de Deus, a fim de que o povo de Deus tenha um só pensamento na terra e que nós experimentemos pela fé aquilo que ele mesmo disse: «Nunca vos deixarei, nem vos abandonarei». Por esse motivo, «não temais, ó pequenino rebanho, porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino»."

Alguns conceitos chaves...

Com a Declaração de Barmen os teólogos que participaram junto com Barth, foram além da teologia... relacionaram-se com uma posição social.

Fato inédito acontecia, pois o movimento filosófico da época era dos pressupostos do iluminismo, a razão acima de qualquer coisa... O palco da dialética existencialista para explicar o cristianismo estava pronto e a teologia liberal já acontecia... O advento do Nazismo fez com que os teólogos descessem de seus pedestais e, por um período curto, engajam numa empreitada social.

Como desafios importantes, temos:

Com que base poderiam ver os demônios por trás de Hitler. Como vencer a persuasão e a venda da igreja de Cristo para Satanás. Como justificar com versículos que o Sínodo estava certo e ao mesmo tempo fazer com que o povo de Deus não respeite o capítulo 13 de Romanos. Um manifesto com o porte e com a causa deste... quem tem coragem de divergir? O problema que vejo é que sabemos muito pouco sobre este Sínodo. Incrivelmente, a INTERNET e a globalização não conseguiram mostrar os bastidores deste Sínodo ainda, e, o que aconteceu com os teólogos desta confissão é obscuro... Algumas questões... A ingenuidade de Bultmann foi arma de defesa ou teologismo liberal mesmo?

Bultmann e a teologia liberal criaram espaço para o crescimento do ocultismo na Europa com a desmitologização? De que forma foi a participação americana no Sínodo ? No episódio de Pearl Habor os americanos remodelaram seus campos de concentração sulista (fazendas da escravatura) para manter preso os orientais que encontravam pela frente e, não teve nada de advertência dos teólogos ? Como ficavam os esclarecimentos sobre os campos de concentração ? E a América do Sul ? Estava do lado de Hitler ? Leia a Declaração na íntegra...

Um apelo às congregações evangélicas e aos cristãos na Alemanha
O Sínodo Confessional da Igreja Evangélica Alemã reuniu-se na cidade de Barmen, de 29 a 31 de Maio de 1934. Representantes de todas as Igrejas Confessionais alemãs uniram-se unanimemente numa confissão do único Senhor da Igreja una, santa e apostólica. Fiéis à sua confissão de fé, membros das Igrejas Luterana, Reformada e Unida procuraram redigir uma mensagem comum para ir ao encontro das necessidades e tentação da Igreja em nossos dias. Com gratidão a Deus, estão convictos de que lhes foi concedida uma palavra comum para dizerem. Não foi sua intenção fundar uma nova Igreja ou formar uma união de Igrejas. Nada esteve tão longe dos seus pensamentos do que a abolição do «status» confessional das nossas Igrejas. Pelo contrário, sua intenção era resistir com fé e unanimidade à destruição da Confissão de Fé, e, por conseguinte, da Igreja Evangélica na Alemanha. Em oposição às tentativas de estabelecer a unidade da Igreja Evangélica Alemã mediante uma falsa doutrina, fazendo uso da fórça e de práticas insinceras, o Sínodo Confessional insiste que a unidade das Igrejas Evangélicas na Alemanha só poderá provir da Palavra de Deus na fé concedida pelo Espírito Santo. Somente assim a Igreja se renova.

O Sínodo Confessional, portanto, conclama as congregações para se unirem em oração e coesas cerrarem fileiras em torno dos pastores e mestres que permanecem fiéis às Confissões.

Não vos deixeis enganar pelos boatos de que pretendemos opor-nos à unidade da nação alemã!

Não deis ouvidos aos sedutores que pervertem nossas intenções, dando a impressão de que desejaríamos quebrar a unidade da Igreja Evangélica Alemã ou abandonar as Confissões dos Pais da Igreja.

Examinai os espíritos, a ver se eles são de Deus! Provai também as palavras do Sínodo Confessional da Igreja Evangélica Alemã para testar se estão conformes com a Sagrada Escritura e com a Confissão dos Pais. Se achardes que nossas palavras se opõem à Escritura, então não nos deis atenção! Mas se julgardes que nossa posição está conforme com a Escritura, então não permitais que o medo ou a tentação vos impeça de trilhar connosco a vereda da fé e da obediência à Palavra de Deus, a fim de que o povo de Deus tenha um só pensamento na terra e que nós experimentemos pela fé aquilo que ele mesmo disse: «Nunca vos deixarei, nem vos abandonarei». Por esse motivo, «não temais, ó pequenino rebanho, porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino».

Declaração teológica a respeito da situação actual da Igreja Evangélica Alemã

Conforme as palavras iniciais da sua Constituição, datada de 11 de Julho de 1933, a Igreja Evangélica Alemã é uma federação de Igrejas Confessionais, oriundas da Reforma, gozando de direitos iguais. O fundamento teológico para a unificação dessas Igrejas se acha nos artigos 1º e 2º da Constituição da Igreja Evangélica Alemã, reconhecida pelo Governo do Reich em 14 de Julho de 1933.

Artigo 1º: A base inviolável da Igreja Evangélica Alemã é o Evangelho de Jesus Cristo, conforme nos é atestado nas Sagradas Escrituras e trazido novamente à luz nas Confissões da Reforma. Todos os poderes necessários à Igreja para cumprir sua missão por ele são determinados e limitados.

Artigo 2º: A Igreja Evangélica Alemã é dividida em igrejas regionais (Landeskirchen).

Nós, os representantes das Igrejas Luterana, Reformada e Unida, dos Sínodos livres, das assembléias eclesiásticas e organizações paroquiais unidas no Sínodo Confessional da Igreja Evangélica Alemã, declaramos estarmos unidos na base da Igreja Evangélica Alemã como uma federação de Igrejas Confessionais. Unifica-nos a confissão de um só Senhor da Igreja una, santa, católica e apostólica.

Declaramos publicamente nesta Confissão, perante todas as igrejas evangélicas da Alemanha, que aquilo que ela mantém como patrimônio comum está em grande perigo que também ameaça a unidade da Igreja Evangélica Alemã. Ela se acha ameaçada pelos métodos de ensino e de ação do partido eclesiástico dominante dos «cristãos alemães» e pela administração da Igreja conduzido por ele. Esses métodos se vêm tornando cada vez mais salientes neste primeiro ano de existência da Igreja Evangélica Alemã. Essa ameaça reside no fato de que a base teológica da unidade da Igreja Evangélica Alemã tem sido contrariada contínua e sistematicamente e tornada ineficaz por doutrinas estranhas, da parte dos líderes e porta-vozes dos «cristãos alemães», bem como da parte da administração da Igreja. Se tais doutrinas conseguirem impor-se, então, conforme todas as Confissões em vigor em nosso meio, a Igreja deixará de ser Igreja, e a Igreja Evangélica Alemã, como federação de Igrejas Confessionais tornar-se-á intrinsecamente impossível.

Na qualidade de membros das Igrejas Luterana, Reformada e Unida, podemos e devemos falar com uma só voz neste assunto. Precisamente por querermos ser e permanecer fiéis às nossas várias Confissões, não podemos silenciar, pois cremos ter recebido uma mensagem comum para proclamá-la numa época de necessidades e tentações gerais. Depositamos nossa confiança em Deus pelo que isto possa significar para as inter-relações das Igrejas Confessionais.

Face dos erros dos «cristãos alemães» da presente administração da Igreja do Reich, erros que estão assolando a Igreja e, também, rompendo, por esse motivo, a unidade da Igreja Evangélica Alemã, confessamos as seguintes verdades evangélicas:

« Eu sou o caminho e a verdade e a vida. Ninguém pode chegar ao Pai sem ser por mim » (João 14, 6). « Ouçam com atenção: aquele que não entra no curral das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. . . Eu sou a porta. Aquele que entrar por mim, salva-se. » (João 10, 1 e 9).

Jesus Cristo, como nos é atestado na Sagrada Escritura, é a única Palavra de Deus que devemos ouvir, e em quem devemos confiar e a quem devemos obedecer na vida e na morte. Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja teria o dever de reconhecer - além e aparte da Palavra de Deus - ainda outros acontecimentos e poderes, personagens e verdades como fontes da sua pregação e como revelação divina.

« É por Deus que vocês vivem em união com Cristo Jesus, que se tornou para nós a sabedoria que vem dele, que nos pôs em boas relações com Deus, e nos consagrou a ele e nos libertou do pecado. » (1 Coríntios 1, 30).

Assim como Jesus Cristo é a certeza divina do perdão de todos os nossos pecados, assim e também com a mesma seriedade, é a reivindicação poderosa de Deus sobre toda a nossa existência. Por seu intermédio experimentamos uma jubilosa libertação dos ímpios grilhões deste mundo, para servirmos livremente e com gratidão às suas criaturas.

Rejeitamos a falsa doutrina de que, em nossa existência haveria áreas em que não pertencemos a Jesus Cristo, mas a outros senhores, áreas em que não necessitaríamos da justificação e santificação por meio dele
« Mas, proclamando a verdade com amor, cresceremos em todos os sentidos, para Cristo, que é a cabeça. É nele que todo o corpo se mantém firmemente unido pelas articulações e de cada uma delas recebe força para ir crescendo em harmonia. » (Efésios 4, 15-16).

A Igreja Cristã é a comunidade dos irmãos, na qual Jesus Cristo age actualmente como o Senhor na Palavra e nos Sacramentos através do Espírito Santo. Como Igreja formada por pecadores justificados, ela deve, num mundo pecador, testemunhar com sua fé, sua obediência, sua mensagem e sua organização que só dele ela é propriedade, que ela vive e deseja viver tão somente da sua consolação e das suas instruções na expectativa da sua vinda. Rejeitamos a falsa doutrina de que à Igreja seria permitido substituir a forma da sua mensagem e organização, a seu bel prazer ou de acordo com as respectivas convicções ideológicas e políticas reinantes.

« Como sabem, os que governam os povos têm poder sobre eles e os grandes são os que mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, aquele que quiser ser o mais importante, seja como um criado. » (Mateus 20, 25-26).

A diversidade de funções na Igreja não estabelece o predomínio de uma sobre a outra, mas, antes o exercício do ministério confiado e ordenado a toda a comunidade. Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja, desviada deste ministério, poderia dar a si mesma ou permitir que se lhe dessem líderes especiais revestidos de poderes de mando. « Tenham temor a Deus, respeitem o rei! » (1 Pedro 2, 17).

A Escritura nos diz que o Estado tem o dever, conforme ordem divina, de zelar pela justiça e pela paz no mundo ainda que não redimido, no qual também vive a Igreja, segundo o padrão de julgamento e capacidade humana com emprego da intimidação e exercício da força. A Igreja reconhece o benefício dessa ordem divina com gratidão e reverência a Deus. Lembra a existência do Reino de Deus, dos mandamentos e da justiça divina, chamando, dessa forma a atenção para a responsabilidade de governantes e governados. Ela confia no poder da Palavra e lhe presta obediência, mediante a qual Deus sustenta todas as coisas.
Rejeitamos a falsa doutrina de que o Estado poderia ultrapassar a sua missão especifica, tornando-se uma directriz única e totalitária da existência humana, podendo também cumprir desse modo, a missão confiada à Igreja.
Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja poderia e deveria, ultrapassando a sua missão específica, apropriar-se das características, dos deveres e das dignidades estatais, tornando-se assim, ela mesma, um órgão do Estado.

« Saibam que estarei sempre convosco até ao fim do mundo. » (Mateus 28, 20). « A Palavra de Deus não se deixa acorrentar. » (II Tim 2, 9).

A missão da Igreja, na qual repousa sua liberdade, consiste em transmitir a todo o povo - em nome de Cristo e, portanto, a serviço da sua Palavra e da sua obra pela pregação e pelo sacramento - a mensagem da livre graça de Deus.
Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja, possuída de arrogância humana, poderia colocar a Palavra e a obra do Senhor a serviço de quaisquer desejos, propósitos e planos escolhidos arbitrariamente.

O Sínodo Confessional da Igreja Evangélica Alemã declara ver no reconhecimento destas verdades e na rejeição desses erros, a base teológica indispensável da Igreja Evangélica Alemã na sua qualidade de federação de Igrejas Confessionais. Ele convida a todos os que estiverem aptos a aceitar esta declaração a terem sempre em mente estes princípios teológicos em suas decisões na política eclesiástica. Ele concita a não pouparem esforços para o retorno à unidade da fé, do amor e da esperança.


7) O que é teologia Feminista e Teologia Evangélica ?

A Teologia Feminista

A teologia feminista, como a Teologia da Libertação, é um termo estigmatizado cobrindo uma grande extensão de abordagens, porem no livro objeto de estudo são citadas apenas quatro. Na primeira abordagem, alguns interesses feministas têm levado a rejeitar a fé cristã, destacando-se a ex católica romana Mary Daly; na segunda abordagem alguém tem procurado traçar um elemento não patriarcal alternativo na tradição cristã, destacando-se a católica romana Rosemary Radford Ruether; na terceira abordagem deve ser destacada Elisabeth Schussler Fiorenza, que enfatizava a necessidade de ver o papel que a mulher desempenhou na história cristã antiga não mais esquecido pela exegese bíblica masculina; e por fim a abordagem do movimento evangélico da teologia feminista, que procura incorporar interesses feministas dentro de uma estrutura de submissão à autoridade bíblica e lealdade às crenças evangélicas, destacando-se nesse tipo de abordagem Elaine Storkey.

A Teologia Evangélica

A Teologia Evangélica era a corrente principal da teologia anglo-saxônica. Mas por volta do fim do século o liberalismo teológico havia tomado seu lugar. Isto aconteceu por uma variedade de razões, incluindo o Impacto do criticismo bíblico e do darwinismo. O evangelicalismo inclina-se a se retirar ou para um fundamentalismo separatista e obscurantista ou para um pietismo além-túmulo.

As coisas mudaram nos anos 1940, com a fundação da London Bible College e Casa Tyndale em Cambridge. O evangélico britânico mais influente deste século tem sido Jonh Stott, logo após Willian Temple.

Dois teólogos podem ser selecionados para menção, Thomas Oden, que abandonou o liberalismo para o que chama de ortodoxia pós-moderna, e Stanley Grenz que publicou Teologia para a comunidade de Deus, que ele vê como uma teologia evangélica pós-conservadora para o mundo pós moderno.


8) Fale do : Concílio Mundial de Igrejas; Teologia da Libertação e Congresso de Lousanne ?


Concílio Mundial de igrejas

O concílio Mundial de Igrejas foi formalmente constituído em 1948 em Amsterdã por delegados de 147 igrejas de 44 países. Ele originou-se de três movimentos anteriores , o estímulo para o qual veio de uma Conferência Missionária Mundial realizada em Edimburgo em 1910.

Ambas conferências de Vida e Trabalho e Fé e Ordem de 1937 aprovaram a formação de um concílio mundial de igrejas e uma conferência em Utrecht em 1938 esboçou sua constituição. Mas a guerra retardou o seu lançamento formal por mais dez anos. Exceto a Igreja Católica Romana e algumas Igrejas Evangélicas, todas as igrejas significativas cristãs agora pertencem ao Concílio Mundial de Igrejas. Desde 1961 a Igreja Católica Romana tem enviado observadores oficiais às assembléias gerais.

Além do trabalho na sede em Genebra. O concílio Mundial de Igrejas tem realizado conferências mundiais de Fé e Ordem, Missão Mundial e Evangelismo e outros temas semelhantes. Mas seus principais eventos são as assembléias gerais das quais sete têm acontecido até esta data.

Teologia da Libertação

A teologia da libertação é uma teologia dedicada a causa da libertação sócio-política. Ela recebeu um estímulo do segundo Concílio Vaticano e emprestou idéias de teólogos ocidentais tais como Moltmann, mas reivindica ser uma teologia essencialmente latino-americana e é critica de todas as teologias ocidentais. Os temas da teologia da libertação têm estado no primeiro plano do debate no Concílio Mundial de Igrejas desde 1968. A teologia da libertação tem se tornado muitíssimo influente na América Latina. Ela desempenhou um papel significante em unir a Nicarágua atrás do movimento sandinista - assim ajudando a depor o ditador Somoza em 1979.

Há muitos exponentes hábeis e prolíficos da teologia da libertação. Camillo Torres foi o primeiro ativista importante e mártir do movimento. A primeira obra importante da Teologia da Libertação veio do sacerdote peruano Gustavo Gutiérrez

Congresso de Lausanne

O Congresso Internacional de Evangelização Mundial, que se reuniu em Lausanne em julho de 1974., é indiscutivelmente a mais importante reunião de evangélicos que já houve. Havia uns 3.000 participantes de mais de 150 nações, para discutir o tema "Deixe a Terra Ouvir a sua Voz". Ele marca um momento decisivo no desenvolvimento do evangelicalismo neste século. Seu significado para os evangélicos é em muitos sentidos comparável aquele do Segundo Concílio Vaticano para a Igreja Católica Romana.

O Congresso foi significativo em três sentidos principais. A participação dos países do terceiro mundo foi extremamente significativa, A atitude de triunfalismo, foi substituída por uma atitude de arrependimento, e terceiro a atitude de arrependimento é manifestada especialmente na área de responsabilidade social.

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